sábado, 21 de novembro de 2009

Aproveitar o capitalismo

Vivemos numa sociedade capitalista. Injusta e desigual. Mas também com aspectos positivos.
Como em tudo na vida, o que há a fazer é conhecer-lhe as "manhas" e tentar aproveitá-las. Remar contra a corrente, afinal.

Não comprei telefone móvel a centenas de contos. Também não o tive logo no início, é certo. Mas quando comprei o primeiro telemóvel gastei pouco. E agora ando com um há quatro anos que me custou 75 euros, grava video, tira fotos com qualidade para imprimir um poster, permite-me ouvir rádio e serve para fazer e atender chamadas, afinal a verdadeira função de um telemóvel.

Em meados do ano passado decidi-me a comprar o primeiro "televisor plano". Um LCD, topo de gama, "full HD", que me custou menos do que o primeiro televisor a cores, comprado quando "montei casa", em meados de 1980. O segredo? Esperar três ou quatro anos, não querer ter logo o que está na moda, aguardar que a tecnologia baixe de preço e ficar com um aparelho mais moderno e... muito mais barato.

No último Natal ofereci-me um portátil. Linha média-elevada. Para mim, e para o que dele utilizo, uma autêntica "bomba".
Identificado o alvo, depois de muitas "reviews" consultadas na internet, houve que escolher o local onde seria possível adquiri-lo mais barato. Em Coimbra havia um estabelecimento a praticar um preço agradável.
Fui lá na tarde de 24 de Dezembro. O portátil estava marcado 899 euros. Acabei por não comprar. Voltei lá três dias depois, a 27. Comprei-o por 599 euros.

Anteontem, ao passar noutro estabelecimento, vi um GPS que me interessou. Écran grande (XL), mapas de quase todos os países europeus, garantia de "mapa mais recente" e um preço atraente: dos 249 euros iniciais passara para 99 euros. Peguei nele.
Chegado à caixa, diz-me o funcionário: «São 74 euros!». E eu: «Olhe que está marcado 99...». E ele: «Mas hoje há uma promoção de 25 por cento».
Intrigado, comentei: «Estão a querer ver-se livres dos aparelhos de qualquer modo...». E ele: «Esses GPS são uma "oferta especial de Inverno", mas do Inverno do ano passado».

Hoje, liguei o aparelho ao computador e actualizei o programa e o mapa da Europa para as versões mais recentes. As actuais. Sem pagar nada, porque é um serviço disponibilizado gratuitamente pelo fabricante.
Enquanto a actualização decorria, mais de duas horas!, fui passando os olhos pelo "site" e fui vendo o preço do que vinha na caixa e me custara 74 euros. Assim: suporte a 24,95 euros, cabo de ligação por 14,95 euros, bolsa de transporte por 14,95 euros e o mapa a 79,95. Total: 134,80 euros.
Ou seja, paguei praticamente metade por tudo isto, ainda faltando incluir os valores do cabo usb e do aparelho propriamente dito!

A sociedade capitalista tem muitos males. Há que saber aproveitar o que tem de bom.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Acordar com um sorriso

Deixem-se de tretas, de corruptos, de incompetentes, de filhos-de-boas-famílias-mas-incapazes, de cretinos, trafulhas, vendedores de banha-da-cobra e outros que tais.
Não se importem se fizer frio, chover e o vento soprar com força.
Amanhã, acordem com um sorriso e pensem que esse, o dia que já nasceu, pode ser o «primeiro dia» de uma vida nova.

Tenham um bom fim-de-semana!
E façam o favor de ser felizes.

Caso do dia: Figo com Sócrates


(clique nas imagens para ampliar)

Calinadas do dia

24 horas (suplemento de informática)


Página electrónica do "Público"

(clique nas imagens para ampliar)

Devo mais 466 euros ao estrangeiro?!

("Público" de hoje)

("Correio da Manhã" de hoje)


Chamem-lhe orçamento rectificativo, suplementar ou redistributivo (isto é uma paródia, pá!, o nome pouco interessa), a verdade é que Portugal continua a endividar-se a ritmo assustador.

Pelas minhas contas, se somos cerca de 10,5 milhões de portugueses e o Estado se vai endividar em mais 4,9 mil milhões de euros, esta noite vou deitar-me a dever mais 466 euros ao estrangeiro.

Confesso que não me sinto responsável pela dívida. Não comprei carro de luxo, não fiz férias no estrangeiro, não andei em grandes jantaradas, não organizei festanças... Mas vou ter de pagar.

Elegeram essa gente? Pois têm o que merecem…

«O mais deprimente é a sensação generalizada com que se fica de que Portugal está a caminho de se transformar numa república em que as bananas crescem num lodaçal. É nesses lugares que os valores se evaporam, as leis são impunemente violadas, tudo se degrada, todos os responsáveis são cúmplices e nada nem ninguém consegue evitar isso.

Mas é muitíssimo bem feito. Elegeram essa gente? Pois têm o que merecem… Assoem-se lá a esse guardanapo. Besuntem-se com o resultado. Amanhã ainda vai ser pior...»

(Vasco Graça Moura, ontem, no "DN")

Eanes: um homem que honra Portugal


Face Oculta: «Processos como este revelam que justiça não está a funcionar», afirma Ramalho Eanes

O ex-presidente da República, Ramalho Eanes, manifestou-se hoje preocupado por processos como o da Face Oculta, que considerou serem reveladores do mau funcionamento da justiça, um dos alicerces fundamentais da democracia.

«Preocupa-me fundamentalmente porque revela que um dos subsistemas fundamentais que é a justiça não está a funcionar na maneira rápida, pronta, legalmente justa», disse à Lusa em Madrid.

Ramalho Eanes falou à Lusa em Madrid onde hoje participa no "XI Congresso Católicos e Vida Pública", que decorre na Universidade San Pablo, em Madrid e onde interveio para analisar o relacionamento entre a moral e a política.

«A política não está a precisar de moral: a política é impossível sem ética. É a ética que faz com que os políticos percebam claramente qual é a sua função, qual é o trabalho que devem prestar à comunidade, qual o serviço que devem permanente prestar a sociedade civil da qual naturalmente dependem», afirmou Ramalho Eanes.

«Como dizia Cícero a forma mais perversa da corrupção é a demagogia. É impossível corromper com dinheiro um homem honrado, mas é possível corrompê-lo com a oratória», afirmou.

Ramalho Eanes considerou, ser «indispensável» que «toda a sociedade civil e todos os cidadãos participem na actividade política».
«A actividade política não é exclusiva dos líderes políticos, mas deve ser exercida por todos os cidadãos. É com a política e através da política que se escreve ou não se escreve um futuro justo», disse ainda.
(texto da agência Lusa, adaptado)

Olhar para Ramalho Eanes é ter a certeza de estar perante um homem digno, íntegro.
É um dos meus ídolos.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ao telefone

- Castelo Viegas?!
- Sim. É uma freguesia do concelho de Coimbra.
- Ah!!! Não é a Viegas dos Estados Unidos!

Criatividade à volta da selecção

À moda de Lisboa



À moda do Porto


A melhor capa (e o melhor título) de hoje

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Portugal, Bósnia e a má educação (lá e... cá)

Portugal repetiu o resultado do Estádio da Luz e derrotou a Bósnia por 1-0.

Três ideias
VITÓRIA - A Bósnia (com)provou hoje que é uma equipa da "2.ª divisão europeia". Na Luz já se tinha visto isso, mas as bolas no poste, o medo de alguns portugueses (a começar por Carlos Queirós) e o facto de Portugal ter jogado com 10 (Deco andou sempre a passo) ajudaram a esbater a realidade. Hoje, Portugal marcou um golo e falhou pelo menos mais quatro "coelhos de cama". Só visto!
HINO - O hino nacional português foi assobiado durante toda a execução. Manda a verdade escrever que o mesmo sucedeu na Luz com o hino nacional bósnio. Com duas diferenças. Em Lisboa, foram talvez menos de 1.000 "atrasados mentais" que o fizeram. E no final da execução, o estádio em peso aplaudiu a equipa visitante. (Mas já que falamos de boa - e má - educação, escreva-se que no Estádio da Luz o guarda-redes da Bósnia foi brindado com um coro gigante de "filhoooo-da-putaaaa" de casa vez que recolocou a bola em jogo. Boa educação portuguesa, só pode ser...)
SEGURANÇA - A propósito da queda de objectos no relvado, e que atingiram até um dos fiscais-de-linha, o repórter da TVI lamentou a falta de segurança na entrada para o estádio. Devo aqui escrever que, no sábado passado, o grupo de quatro pessoas de que eu fazia parte também não foi alvo de qualquer revista por parte dos elementos da segurança. Entrámos no estádio com tudo o que quisemos.)

Lixo na rua desde domingo!


Quando o Provedor do Ambiente da Câmara Municipal de Coimbra questionou os serviços de higiene da autarquia, a propósito de um texto escrito neste blogue, os referidos serviços (não respondendo à questão de fundo: a rua não é varrida há mais de 10 anos!) responderam-lhe que estava tudo bem: não havia lixo no chão, nem ervas nos passeios, nem manchas de óleo no pavimento.
Pois bem: aqui está uma imagem que desmente os referidos serviços: há lixo, há ervas e há (perigosas) manchas de óleo, apesar de ter chovido a bom chover nos últimos dias.
Quanto ao lixo que a foto documenta, está no local desde domingo e hoje é quarta-feira.
As ervas ainda não chegaram ao metro de altura que tiveram no início do Verão mas para lá caminham. A passos largos.
As manchas de óleo são tão visíveis que algumas ainda guardam o "perfil" dos pneus dos automóveis que lá derraparam.

A situação é tanto mais ridícula quanto as ruas adjacentes são varridas: a do topo superior pelos serviços camarários e a do topo inferior pela Junta de Freguesia de Eiras, porque parece estar integrada na "zona rural" da freguesia.
Vá lá a gente compreender quem manda nestas coisas.

[Felizmente, de vez em quando chove, de vez em quando faz vento, e o lixo mais volumoso desaparece num dia de muita chuva ou de muito vento. Porque a rua, felizmente, é bem inclinada...]

Por isso, penso que é cada mais justificável que a Câmara Municipal mande colocar este cartaz no "espantalho" que na última semana surgiu defronte do prédio onde vivo. Assim, os cidadãos serãocorrectamente informados - e não "agredidos" com publicidade ou com outras mensagens de pura propaganda.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Lusa, Vara e a verdade

A agência Lusa divulgou esta tarde uma notícia que, no essencial, diz o seguinte: Armando Vara quer «esclarecer tudo» quando amanhã for ouvido pelo juiz de instrução criminal.

Não, não foi La Palisse quem escreveu isto. Foi um jornalista da agência Lusa.
Mas, com o devido respeito, isto não é notícia nenhuma, porque é suposto que TODOS os arguidos queiram sempre esclarecer todas as acusações que recaem sobre eles.
É a velha história do "cão que morde um homem" não ser notícia, porque isso é mais do que previsível.

Ainda dou comigo a pensar: que raio de "notícia"...

("Público" de hoje)

País real

(clique na imagem para ampliar)

«No mandato de Sócrates número de desempregados passou de 412,6 mil para 547,7 mil.»

(José Manuel Fernandes)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Amanhã, a Bósnia...



Tenham um bom fim-de-semana.
E façam o favor de ser felizes.

Outra leitura aconselhável

Há cabala fresquinha
«A Vanessa não percebe bem o que está a acontecer. Os amigos do PS vendem-lhe a cabala fresquinha, os amigos que têm amigos do PS não querem falar do assunto e acham que se está a misturar tudo (tratem lá do Vara, mas deixem o Sócrates em paz!), gritando que é impossível escutar o PM sem autorização, e a bem dizer ninguém confessou homicídio nenhum. São os mesmos para quem a publicação integral de um email privado entre dois jornalistas do "Público" era do superior interesse da nação. A cabala é fresquinha mas tem barbas.»

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Leituras aconselháveis

Carta aberta do primeiro-ministro José Sócrates
«Nem um mineiro de carvão tem tanto negrume à sua volta. Depois da licenciatura na Independente, depois dos projectos de engenharia da Guarda, depois do apartamento da Rua Braamcamp, depois do processo Cova da Beira, depois do caso Freeport, eis que a "Face Oculta", essa investigação com nome de bar de alterne, tinha de vir incomodar uma pessoa tão ocupada.»


Seremos todos parvos, senhores?
«Se a isto juntarmos que o triângulo PT-BES-Ongoing tem dado diversos sinais de óbvias ligações ao actual poder político, temos o pior caldo que se pode servir a um país que necessita de transparência e separação clara entre o poder político, o económico e a comunicação social.»


E se o Dr. Sócrates fosse do PSD?
«Imaginem que Sócrates era um PM do PSD. Imaginem que esse Sócrates laranja era, na mesma, fustigado pelos mesmíssimos casos do Sócrates original. Agora, perguntem: esse Sócrates laranja ainda estava no poder? Quantos Sampaios já não tinham saído da toca?»


Juízes estranham conhecimento antecipado do acórdão
«E, apesar de reconhecer que é "estranhíssimo" que alguém tenha conhecimento do resultado de um acórdão antes de ele ser publicado, não consegue encontrar explicações para o sucedido.»


Cronologia de um golpe
«Acto I. Estamos a 3 de Outubro de 2004 e José Sócrates é eleito líder do PS. A 9 de Outubro, Armando Vara regressa à direcção do partido pela mão de Sócrates. A 20 de Fevereiro de 2005, o PS vence as legislativas com maioria absoluta. A 2 de Agosto de 2005, há mudanças na Caixa Geral de Depósitos: Teixeira dos Santos afasta Vítor Martins e Vara integra o "novo" conselho de administração. A maioria dos membros desse conselho é afecta ao PS.»


Boa cama faz quem nela se irá deitar
«Se duvidas existissem quanto às motivações daquele preceito legal, repare-se que para escutar o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República ou o Primeiro-Ministro é sempre necessária autorização do Presidente do Supremo Tribunal de Justiça mas, para escutar este (que se apresenta como a segunda figura hierárquica da Nação) qualquer juiz de direito de tribunal judicial de primeira instância pode fazê-lo.»

(clique nos títulos para ler os textos na íntegra)

Português à baliza

Depois de um dia muito ocupado a receber felicitações, e antes de entrar em assuntos mais sérios, publico um pequeno video sobre futebol. O guarda-redes é português.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A queda do Muro de Berlim

«O muro já não existe. Berlim é livre. Mas a divisão permanece, não só na cidade-símbolo como por todo o Leste europeu. O jornalista visitou a antiga RDA, a Hungria, a Ucrânia, a Polónia e a República Checa. Coleccionou histórias e sentimentos, escutou políticos e gente simples, entrou nos mercados, rezou em igrejas de fé diferente. E regressou com a ideia de que não há apenas uma Europa. Como não há, afinal, uma só Berlim. O muro ainda existe.»
(entrada da reportagem publicada abaixo em imagens)


Entre Setembro e Outubro de 1993 tive oportunidade fazer uma viagem, com partida e chegada a Berlim, por cinco países do Leste europeu, com o intuito de tentar perceber a realidade sócio-política existente pouco depois da queda do Muro de Berlim.

Foi uma experiência inesquecível, como já contei três "posts" abaixo. Publico agora a reportagem que escrevi para a revista "Notícias Magazine", intitulada "As ruínas do comunismo".

(Nota: Os sinais a marcador azul indicam o local onde deveria ter sido colocado uma letra capitular – uma "maiúscula maior".)


(clique nas imagens para ampliar)

Um espantalho na rua!


Hoje acordei com este espantalho colocado em frente do prédio onde moro.
Como uma das faces ainda não está ocupada, proponho que fique assim:

Estado de alma

Hoje sinto vergonha de ser português.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Muro de Berlim

Capa da "Notícias Magazine" de 26/12/1993


No Outono de 1993 (há 16 anos, portanto), vivi aquela que foi a maior experiência da minha vida jornalística até ao momento.
Durante cinco semanas, com partida e chegada a Berlim Oriental, participei na denominada "Universidade de Verão" da União Católica Internacional da Imprensa (UCIP, na sigla em francês).
Éramos 30 jovens jornalistas, de nacionalidades diferentes e de todos os continentes. O objectivo era claro: ver com os próprios olhos a realidade dos países do Leste da Europa, poucos anos após a Queda do Muro de Berlim.
Foi uma viagem enriquecedora, a todos os níveis - pessoal, profissional, cultural, humano.

Devo ao "Jornal de Notícias", onde na altura coordenava a secção de Política/Economia, a possibilidade de ter participado nesta viagem. O jornal dispensou-me do trabalho, pagando-me o salário. Isso era o que estava acertado desde a Primavera com o então director Amando da Fonseca, compromisso que a Direcção entretanto designada (Frederico Martins Mendes e Fernando Martins) respeitou integralmente.
Quando regressei ao Porto e informei que poderia escrever alguma coisa com interesse sobre a viagem, disseram-me para me dirigir à Rua de Santa Cartarina, à sede da revista "Notícias Magazine", suplemento dominical do "Jornal de Notícias" e do "Diário de Notícias". Assim fiz, sendo-me proposto o trabalho que acabou por ser publicado na edição de 26 de Dezembro.

Título, texto e fotos são da minha autoria, à excepção da foto e do título da capa da revista. (Devo, aliás, confessar que não gostei - nem gosto - do título escolhido para a capa.)

Esta viagem teve uma "curiosidade jornalística": na Polónia, já depois de ter passado pela Hungria, República Checa e Ucrânia, fiquei sem a máquina fotográfica durante um jantar em Cracóvia. Ausentei-me da mesa por instantes e... o ladrão actuou com eficiência. Perdi as fotos desse dia, mas mantive os cerca de 15 rolos fotográficos que já tinha utilizado. A partir daí, e até final da viagem, utilizei máquinas descartáveis, de papel. Por isso, as fotos do muro de Berlim e a das quatro raparigas "a gozar" com as estátuas de Marx e Engels, num jardim da parte leste da capital da Alemanha, foram obtidas da forma mais rudimentar possível.

Tenho recordado, ao longo de todos estes anos, a frase que um jornalista berlinense me disse naquela altura, em que se vivia a euforia da reunificação alemão: «Existe um muro bem mais difícil de derrubar: as nossas mentalidades são tão diferentes que a verdadeira reunificação vai demorar duas ou três gerações. No mínimo, uns 20 anos...». Pelo que se tem lido e ouvido nos últimos dias, a previsão mais optimista não se confirmou.

Para mim, que tinha 18 anos incompletos no "25 de Abril" e fazia parte de uma família onde não recordo qualquer conversa sobre política, o Muro de Berlim era a grande referência ideológica. Construí-a com base numa simples constatação: o cimento tinha sido colocado no coração de Berlim para impedir os de lá de virem viver para o lado de cá.
Foi a minha primeira identificação política: eu era (e queria continuar a ser) dos de cá, com tudo o que isso significava.

Não tive, portanto, de dar qualquer "cambalhota" quando o Muro foi derrubado. Andam por aí várias "figuras" – algumas até são bem conhecidas... – que mudaram apressadamente de partido político. Outras confessaram a ingenuidade (?) de terem acreditado no "sol da Terra" e fizeram público "mea culpa". Em suma: a queda do muro alterou, para além da realidade política europeia, a vida de milhões de pessoas, alemãs ou não.

Neste dia em que se comemoram 20 anos sobre o derrube do Muro do Berlim publico (ver algumas mensagens acima) a reportagem da "Notícias Magazine" de Dezembro de 1993.

É a minha modesta forma de homenagear a Liberdade.

domingo, 8 de novembro de 2009

Estaleiro de sucata

«O país está transformado num grande estaleiro de sucata. Sucata politica. Sucata legislativa. Sucata partidária. Sucata ideológica.»

(lido na internet)

Sucatagate

«Os portugueses votaram no homem julgando que agora ia haver sossego. Enganaram-se. A "Face Oculta" comparada com o Freeport, até se pode dar este último como brinde e esquecê-lo. A "Face" vai dar muitos folhetins desta saga socialista, agora no capítulo Sucatagate.»

(Luiz Carvalho, no "Instante fatal")

sábado, 7 de novembro de 2009

Bom fim-de-semana!

Proponho à família e aos amigos (não, esta fórmula não tem nada a ver com as notícias dos jornais...) a escuta desta canção.
Bom fim-de-semana!
E façam o favor de ser felizes.

Medina Carreira: homem brilhante



Admiro este homem.
Quando falo nele junto de algum político (ou "candidato-a-político"), respondem-me logo que é um pessimista, um tremendista. Ainda bem que o é: a situação do país é tremendamente perigosa. E ele denuncia-a; não tem "papas na língua".

Acredito, aliás, que o progresso surge dos pessimistas e não dos optimistas, surge dos que criticam e não dos que aplaudem, surge dos insatisfeitos e não dos satisfeitos.
Se não houvesse insatisfeitos, ainda hoje a roda seria quadrada (como foi...), porque mesmo quadrada já serviria muito bem.

É a velha opção: escolher o caminho difícil da vida ou optar pelo "carreiro" mais fácil.

* * * * *
Hoje, ao navegar sem destino pela internet, encontrei esta entrevista de Medina Carreira ao Expresso, há cerca de 15 dias.
Transcrevo algumas frases com as quais me identifico.


«Enquanto não vir gente capaz de tomar conta deste país, sou incómodo. Quando olho para os partidos, para estes dirigentes, não posso ser outra coisa.»

«Se me derem uma hora na televisão, viro muita gente do avesso! O problema é que a gente que precisa de ser virada não o quer ser. Este sistema de vida é bom para eles.»

«Presumo que seja incómodo. A mim não me convidam para ir à RTP, por exemplo.»

«As nossas escolas são fábricas de analfabetos. No meu tempo, os alunos com a 4.ª classe davam menos erros do que alguns ministros agora.»

«O problema da Educação é simples. Primeiro tem de haver ordem nas escolas, programas feitos com gente com cabeça e não por semi-analfabetos.»

«Aquilo que quero é tentar levar as pessoas a perceber os caminhos que trilham, fazer um pouco de pedagogia. Fazê-las entender que estão a ser burladas. O país não pode continuar a ser dirigido por trafulhas.»

«Eu defendo o presidencialismo, mesmo que seja por 15 ou 20 anos. Os partidos precisavam de sossego para se arrumarem e arranjarem gente menos ambiciosa, menos amante do dinheiro alheio.»

«Em Portugal, nos últimos 40 anos, deixou de se produzir pesca, agricultura, minas e indústria. Hoje, os serviços representam 70%. Se não mudarmos a estrutura produtiva, reforçando o sector primário e o industrial, não conseguimos vencer estas dificuldades económicas.»

«Portugal é o país dos achadores. Toda a gente acha. Liga-se a televisão e ouve-se toda a gente a achar.»

«A escola inclusiva é uma vigarice. Põem lá a tropa toda. Como todos somos diferentes, há uns que querem estudar e outros não. Há uns que são capazes e outros não. Quem não aprende não faz sentido lá estar. (...) Isto de todos serem iguais é uma trafulhice.»

«Se eu quisesse falar como o resto da malta tinha aqui o escritório cheio, de auto-estradas, de aeroporto, como os outros têm.»

«Vivemos num mundo muito estranho. Um dia destes fui comprar o jornal e estava uma pequena de 8 anos ao meu lado. Fiz-lhe uma festa na cabeça e perguntei-lhe como se chamava. Respondeu que tinha ordem dos pais para não falar a estranhos. Agora fujo dos miúdos, senão qualquer dia o Rui Teixeira põe-me na choça...»

«[Qual é o seu jogador preferido?] O Messi, porque é um grande jogador e um tipo modesto. Não gosto do Cristiano Ronaldo, porque é um grande jogador e um tipo insuportável. Mesmo um sábio, um compositor, um génio tem de ser modesto. A imodéstia é um sintoma de estupidez.»

«Quando aparece o Sócrates na televisão, eu mudo de canal. Para espectáculo, vou ao circo.»

«Custa-me ver que a classe política não quer julgar os crimes da corrupção, porque não lhes convém, é uma defesa corporativa. Não nos podemos fiar num certo tipo de pimpões que andam por aí...»

Cair da folha

Vivemos um tempo de suspensões e demissões.
Estamos no Outono, o tempo do cair da folha.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

"Mulher de armas"...

Saída de Paulo Bento: uma coisa nunca vista

A conferência de Imprensa que assinalou a saída de Paulo Bento do comando do Sporting foi diferente de tudo a que assisti nos 35 anos que levo de "adepto do Desporto".

Podem chamar-lhe surrealista, incomum, uma "dor de alma"... ou o que quiserem. Para mim, que a ela assisti com um misto de espanto e emoção, foi um NOBRE EXERCíCIO da arte da solidariedade.

Ali não se utilizou a "linguagem do futebol". Falou-se de verdade, valores, amizade, respeito, espírito de grupo. Uma coisa nunca vista.

Como seria diferente o futebol se a linguagem fosse sempre esta...

(Declaração de interesses: não sou adepto do Sporting, nem do Benfica, nem do FC Porto, nem..., nem...)