sábado, 25 de novembro de 2006

Negócios (mas não de droga)

Há coisas que não entendo.

Logo a seguir ao "25 de Abril", o bacalhau tornou-se num produto proibido. Não estava à venda.
Lembro-me de, quando era árbitro, aproveitar as idas à Madeira para comprar bacalhau. Lá havia, aqui não.
Mas mesmo no Funchal, não era fácil adquirir uns quilos do "fiel amigo". À sexta-feira, os comerciantes retiravam o produto das montras, para evitar vendê-lo aos "continentais".
"Não vendemos bacalhau a cubanos", ouvi eu no Funchal. Mas nós sempre conseguíamos comprar uns quilitos, porque havia amigos que nos acompanhavam às lojas.
Cá em Coimbra, arranjava-se bacalhau - quase clandestinamente - num 2.º andar de Montarroio, que era onde a minha mãe ia comprá-lo. Numa casa particular!

Mais tarde, nos anos 80, quis comprar um automóvel. Esperei, esperei. A minha vez nunca mais chegava.
Um dia, entrei no "stand" mal disposto. (Por vezes fico mal disposto e nessas ocasiões sou muito difícil de aturar...). O proprietário, vendo o meu estado de espírito, disse-me que ele nada podia fazer e aconselhou-me a ir falar com o vendedor, numa terra nos arredores de Coimbra.
Lá fui. E o vendedor não foi de meias palavras: eu só teria o automóvel se lhe desse 50 ou 60 contos. Era a altura das importações contigentadas e, pelo que percebi, o mercado funcionava assim. Não aceitei a proposta do vendedor.
Um dia, um amigo informou-me que os carros da tal marca tinham chegado e estavam "escondidos" em determinado lugar. Era sexta-feira. Fui ao tal sítio e comprovei que havia carros iguaizinhos ao que eu queria comprar.
Voltei ao "stand" e disse ao proprietário que, se havia carros, era chegada a altura de um ser para mim. Ao preço de tabela. E acrescentei que não saía dali até ter o carro, ele se quisesse que chamasse a polícia. Eram umas 4 da tarde, lá para as 7 da noite venderam-me o carro. Ao preço justo.
(Nunca mais comprei um automóvel daquela marca. Aqui há uns cinco anos, telefonaram-me do tal "stand" para casa, a perguntar se estava interessado num determinado modelo. Marquei uma visita ao stand, fui, pedi catálogos, preços, as informações mais detalhadas que era possível e... saí. Telefonaram-me uma, duas, três vezes, a perguntar se já tinha decidido. Cansei-me da brincadeira e disse que não estava interessado. Ou seja, fiz-lhes perder algumas horas, porque eu não queria - nunca mais quero - um carro daquela marca. Foi a minha "vingançazinha do chinês").

Ali por 1983/1984, quando nasceu a minha filha, não havia bananas! Conseguir comprá-las era um feito quase sobrehumano. Mas o médico dizia-nos quera importante dar bananas moídas à criança. Havia que encontrá-las!
Um dia, a minha mulher descobriu que uma pequena loja, na zona do Teatro Avenida, vendia-as ao fim-de-semana, desde que os clientes lá comprassem outros géneros.

Estas são algumas das "estórias" que já vivi com o sector comercial, o que me leva a dizer - quando confrontado com situações anómalas - que é capaz de ser parecido com a compra e venda de droga.
(Hoje em dia, comprar moedas de colecção num banco que eu cá sei é quase o mesmo. Vou lá e não têm moedas, ainda não chegaram. Passadas semanas, volto lá e ... já chegaram e já acabaram!).

Agora, estou para comprar um automóvel. Escolhida a marca e o modelo, tratei de encontrar as melhores condições para o negócio. Visitei alguns concessionários e telefonei a outros.
Qual não é o meu espanto quando num desses telefonemas, tendo dito a razão do contacto, a voz do outro lado me respondeu o seguinte:
- Não damos preços por telefone.
Sinceramente, não compreendo. Até parece que - em vez de um automóvel - eu estava a tentar comprar um estupefaciente qualquer.

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Notícias da minha equipa

"Derby" no domingo
A minha equipa recebe o U. Coimbra no próximo domingo, às 11h00, no Campo da Pedrulha.
A situação actual, após 8 jogos disputados, é a seguinte:
ACADÉMICA - 3 vitórias, 1 empate, 11-13 em golos, 10 pontos.
U. COIMBRA - 1 vitória, 3 empates, 8-12 em golos, 6 pontos.
O árbitro, de seu nome Pedro Maia, vem do Porto.


"Confusão" em Repeses
No final do jogo de domingo passado, em Repeses (às portas de Viseu), pareceu-me ter havido alguma "confusão" junto à entrada para os balneários - ver foto.
Perguntei ao meu filho, que foi suplente nesse jogo, o que se tinha passado, mas ele não se apercebeu totalmente da situação, embora me dissesse que envolvera um colega de equipa.
Hoje, ao receber os comunicados da FPF, lá vem uma punição para o treinador do Repenseses - uma pena bastante dura: 1 mês de suspensão e 200 euros de multa!
Quais as razões para um adulto estragar um jogo que, dentro das quatro linhas, foi muito lutado mas correcto de princípio a fim, tanto que o árbitro apenas mostrou dois cartões amarelos?!
Os jovens merecem mais respeito – eles é que são os "senhores da festa".


Seia desistiu
O campeonato da minha equipa tem menos dois jogos, porque a União Desportiva de Seia desistiu da prova ainda antes de ela começar.
Hoje, pelo comunicado do Conselho de Disciplina da FPF, vejo que o clube abandonou a competição.
É triste pensar nos jovens que sonhavam disputar um campeonato nacional e acabaram por não o fazer.
É triste ver um clube acabar.
(clique nas imagens para ampliar)

Debate na rádio


Amanhã, a partir das 11h00, é transmitido na Rádio Regional do Centro o programa "Praça da República", gravado hoje, ao princípio da tarde, no Hotel D. Luís.

Moderado pelo Dr. Lino Vinhal, participam no debate o Dr. Manuel António (esse mesmo, o que foi "Bola de Prata" com a camisola da Académica), o Dr. Francisco Rodeiro, ilustre advogado, e eu próprio.

Durante a conversa falou-se da luta contra o cancro, da recente entrevista do Presidente da República e da situação que envolve o Estádio Cidade de Coimbra (ECC) - uma sigla que, para mim, significa cada vez mais Empreendimento Comercial do Calhabé, porque de estádio tem pouco (um jogo de 15 em 15 dias, e não em todas as quinzenas) e de comércio tem muito (lojas, feiras, exposições, etc., etc.).

Bentes: o "rato atómico"


António Romão decidiu hoje prestar um "Tributo ao Professor Bentes". Aqui.

Ao encontrar o texto, foram muitas as imagens (talvez melhor, as sensações) que percorreram a minha mente.

O prof. Bentes foi o meu professor primário, da 1.ª à 4.ª classe, na Escola de S. Bartolomeu, ali a dois passos da casa onde nasci e onde vivia, na Rua das Padeiras.
Soube que ele era alguém importante no desporto porque um colega de sala de aula levava o pão para comer no intervalo embrulhado numa bolsa que tinha bordado o emblema da Briosa e as palavras "Bentes rato atómico". Lá em casa, a família disse-me que ele tinha sido um grande jogador.

Ajudou-me ainda a preparar o "exame de admissão", nas explicações colectivas que decorriam depois das aulas na própria escola. Outros tempos...

Foi com ele, também, que entrei pela primeira vez no Campo de Santa Cruz, num fim de tarde, para ver o treino dos juvenis, que ele orientava. Em 1964? Em 1965?

Mais tarde, fomos "colegas de ofício" e encontrámo-nos várias vezes na Delegação Escolar de Coimbra, que funcionava na escola primária da Avenida Sá da Bandeira, ao lado da Manutenção Militar. Era lá que trabalhava.

Um dia, pedi-lhe uma entrevista.
Recusou, recusou... até que aceitou.
Marcado o encontro, disse-lhe que era para o "O Jogo".
- É um jornal novo?, perguntou.
-É. É um jornal diário desportivo, respondi.
- Diário???! E há notícias para fazer um jornal desportivo todos os dias?!..., comentou.
Foi aí por 1986 ou 1987. Era o início do jornalismo desportivo diário em Portugal. Hoje é o que se sabe.
(Tenho de ir à procura da entrevista, nunca guardei os meus trabalhos, por vezes aparecem uns por aqui, outros por ali...)

Homem simples e bom, o professor Bentes é das pessoas a quem devo algo do que sou.

(Outro é o padre Nunes Pereira que, se fosse vivo, faria 100 anos no próximo dia 3 de Dezembro. Vou tentar não me esquecer dele nessa data.)

Académica 1950-1951

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Goes: a voz de Coimbra

Luiz Goes é homenageado no sábado
O Casino Estoril é o cenário da gala que junta a comemoração do aniversário dos 86 anos da Tomada da Bastilha, a homenagem nacional a Luiz Goes e a festa dos 25 anos da Associação dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra.
O programa, apresentado por Sansão Coelho, começa às 19H00, com um "Coimbra de honra".
À meia-noite, o Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC) subirá ao palco para o tributo a Luiz Goes, numa homenagem que integra a actuação de Jorge Tuna e a sua guitarra, acompanhado por Durval Moreirinhas, à viola, e pela voz de Carlos Carranca.
Depois da uma da manhã será cantada a "Balada da despedida".

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Identifico a voz tonitruante de Goes desde muito novo. Comecei a ouvi-lo na rádio, nos discos de 78 rotações que o dr. Providência ofereceu ao meu pai, na fita gravada do Coelho e depois em cassetes.
Mas não o conhecia pessoalmente.
Há uma meia dúzia de anos, por intermédio do comum amigo Carlos Carranca, fiquei a conhecer a pessoa de quem só reconhecia a voz.
Temo-nos encontrado algumas vezes. Permitam-me o desabafo: é uma pessoa espectacular (um tipo porreiro!), que - apesar de viver a 200 quilómetros - ama mais Coimbra do que muitos que cá vivem.
Luiz Goes é um dos meus ídolos.

Com Luiz Goes e José Belo na "taberna" de "A Democrática"

Palavras amigas

Chama-se "Coimbra's" e é um blogue. O seu autor, que creio não conhecer pessoalmente, é um jovem de 26 anos, que durante várias épocas defendeu a camisola da Briosa.
Hoje, referiu-se a "A Página do Mário" com palavras simpáticas. E aplaudiu justamente o blogue do "capitão" da "minha equipa", João Barreto.
Este "post" serve para agradecer as palavras amáveis ao Alexandre Andrade, dar-lhe os parabéns pelo seu blogue e, finalmente, para convidar quem visita este espaço a dar um salto até à página do "capitão" da equipa de juvenis da Académica/OAF. É só clicar aqui. Vale a pena.

Sublime ironia

Ministros da Energia da União Europeia
ficam às escuras

A reunião dos ministros da Energia da União Europeia agendada para discutir as poupanças de energia foi interrompida por um inesperado corte de luz no edifício onde os governantes estavam reunidos.

O "apagão" durou cerca de 15 minutos e afectou não só o edifício onde os ministros estavam reunidos, em Bruxelas, mas também a sede da Comissão Europeia (CE), localizada na mesma rua.

A CE pretende que os 25 Estados-membros reduzam o consumo de energia em 20% até 2020 de forma a diminuir a poluição.

O comissário europeu da Energia, Andris Piebalgs, pretende ainda que os países europeus aumentem o investimento no mercado da electricidade em 150 mil milhões de euros para evitar possíveis apagões.
(in Jornal de Negócios)

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Citação

Pedro Santana Lopes está para o jornalismo político como Elsa Raposo está para as revistas sociais: a todos serve o mesmo prato, e todos se servem do mesmo prato. No fim, os consumidores aplaudem. Mesmo quando as três partes sabem que há algo de podre nesta relação ocasional, feita de traições, conspirações, romances e muita areia atirada para os olhos de todos. Mas o povo gosta - e isso é que interessa, não é?
(Pedro Rolo Duarte, hoje, no "Diário de Notícias")

Dia diferente

Hoje foi "dia de tribunal".
Compareci às 11h00, fui ouvido como testemunha às 17h30.
Já lá tinha estado anteriormente um dia inteiro, para ser ouvido neste mesmo processo, mas não chegara à minha vez.

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Se a memória não me falha, já fui chamado outras quatro vezes a depor.
Uma vez, passei dois dias consecutivos no tribunal de Coimbra, à espera, mas o julgamento não se realizou; as duas partes acabaram por chegar a acordo.
Depois, fui duas vezes ao tribunal de Viseu, por causa de outro processo, mas as audiências foram adiadas. Penso que este processo terá terminado, porque nunca mais fui convocado.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

A primeira Casa de Desporto de Coimbra


Os corpos gerentes da Associação Cristã da Mocidade (ACM) de Coimbra reuniram-se ontem em jantar.
A conversa foi variada. Recordou-se, por exemplo, que a ACM foi o primeiro ginásio de Coimbra e que foi ali que modalidades como o basquetebol e o voleibol, entre outras, deram os primeiros passos na cidade.
"A primeira Casa de Desporto de Coimbra" pode ser um "slogan" a aproveitar.

Futebol à moda da casa


Em dia de Liga dos Campeões, as capas dos jornais desportivos provam que, em Portugal, é mais importante o que se passa fora do campo do que dentro das quatro linhas.
O meu lamento.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Mudanças no blogue

Este blogue surgiu em Abril passado.
Em meados de Setembro juntei-lhe um contador de visitas.
Hoje apareceu o relógio.

O blogue é um meio de comunicação, mas é também uma forma de me ir aperfeiçoando, para que não fique informaticamente analfabeto...
Qualquer dia vou tentar que o blogue seja mais agradável graficamente, tentar aprender a mexer no layout (as cores, as colunas, a arrumação do espaço, etc).
E vou começar a tentar cumprir aquele que foi o objectivo primeiro: coleccionar as memórias de uma vida de 33 (neste momento...) anos de jornalismo. (Está para breve o início da publicação desses textos.)

Surpreende-me que os comentários sejam escassos - pensava que haveria mais. Mesmo assim, alguns dos comentários que me chegam não aparecem no blogue: vão direitinhos para o caixote do lixo, porque aqui não escrevem cobardes, nem se publicam insultos.

Mas já que estou a escrever sobre o blogue, deixem que vos informe que ontem foi o dia com maior número de visitas comprovadas. (Aliás, os números têm estado a subir, como se pode ver na imagem junta.)
Muitas destas visitas, penso eu, são de elementos da "minha equipa". Mas há mais gente que se vai habituando a passar por aqui.
Ainda bem. Este é um espaço de encontro.

Capa


São capas destas que ajudam a vender uma publicação.
Está bem feita. Tem classe.

domingo, 19 de novembro de 2006

Árbitros vêem mal

Ontem, o FC Porto marcou um golo irregular à Académica e o árbitro validou-o.
Hoje, o defesa do Sporting derrubou o jogador do Marítimo fora da área e o árbitro assinalou grande penalidade.

A minha equipa perdeu em Repeses


A minha equipa (os juvenis da Académica) perdeu, por 2-0, no terreno do Repesenses. Ao intervalo, permanecia o nulo inicial.

Os rapazes tiveram de levantar-se por volta das 5h30, porque a saída estava marcada para as 6h30, do Pavilhão da Solum. O jogo começou às 9h00 e acabou antes das 10h45 - quase "de madrugada", portanto.

A primeira parte foi muito jogada a meio-campo, sem que qualquer das equipas ganhasse ascendente sobre a outra. Mais uma vez, lutou-se mais do que se jogou.
No entanto, foi possível retirar duas conclusões dos primeiros 40 minutos:
- a Académica parecia ser mais equipa;
- o Repesenses era mais rápido sobre a bola e disputava cada lance como se fosse o mais importante do desafio.

Estava uma manhã fria em Viseu

No segundo tempo tudo se alterou. Estranhamente, a Académica entrou no jogo intranquila e, logo no início, em três jogadas sucessivas, criou lances perigosos... para a própria baliza. A equipa parecia outra, embora os jogadores fossem os mesmos da 1.ª parte.

O Repesenses não aproveitou a primeira oportunidade, não aproveitou a segunda, não aproveitou a terceira e... marcou logo a seguir.
A Académica sentiu o golo; tentou "pegar" no jogo, mas não o conseguiu. E o Repesenses, pouco depois, aumentou a vantagem.

A partir do 0-2, então sim, a minha equipa tentou "dar a volta" ao resultado, com particular incidência nos últimos 15 minutos. E, sem ter criado oportunidades flagrantes, poderia - pelo menos - ter amenizado a derrota.
Mas, como um mal nunca vem só, a sorte também não estava hoje do nosso lado.

Em resumo: vitória certa do Repesenses, apesar desta equipa estar perfeitamente ao alcance da Académica.
Há dias assim...


Nota final: as gentes de Repeses merecem continuar a ostentar o "título" de quem mais insulta o árbitro por segundo. Só visto. Uma vergonha.