quarta-feira, 10 de maio de 2006

ACM cá e lá: lamentar não é suficiente

Recebemos (aqui, no blog) a seguinte mensagem:

Um filósofo defendeu um dia que todo o argumentador que se preze deve problematizar em torno de três momentos: investigação, análise e divulgação. Deixando de lado a divulgação (da qual somos exemplo aqui), a investigação e análise podem ser entendidas como a capacidade de indagar, decompor e explicar a realidade que nos circunda, para se poderem expor conclusões ou hipóteses com algum rigor. Lamentar uma situação não é suficiente.
Quando se divulga com espanto que uma medalha foi conquistada pelo judoca conimbricense João Neto – que nasceu, reside, estuda e treina em Coimbra – em representação da ACM de uma cidade que não a sua (na qual está inscrito), convém investigar e analisar as causas que terão levado a tão bizarra circunstância.
Por que razão é preciso investigar, analisar e só depois divulgar? Certamente porque já na Antiguidade os gregos sabiam que há uma grande diferença entre ter opiniões e possuir conhecimento. Podemos ter opiniões correctas simplesmente por sorte, ou então por fé, mas elas não constituem "saber", por carecerem de fundamento racional. Quando o nosso objectivo é conhecer com seriedade, não nos podemos ficar no nível declarativo, devemos antes pesquisar, destrinçar e aí sim, manifestar. Os acemistas agradecemos profundamente que assim seja feito.
Graciano Marques
(Secretário-Geral da ACM de Coimbra)



Na última edição publiquei uma breve nota sobre o facto do judoca conimbricense João Neto (medalha de ouro na “Taça do Mundo”) estar inscrito na ACM de Torres Novas, no distrito de Santarém. A informação é correcta.
Terminei o texto (reproduzido em cima) com um simples comentário: “O meu lamento”.
Como não devo ter sido claro, desenvolvo a ideia: o que fica para a história, nos registos oficiais, é uma medalha de ouro conquistada por um emblema do Ribatejo. E este facto nada acrescenta ao prestígio do desporto de Coimbra.
Quanto aos motivos da situação do atleta, quem melhor do que a ACM para os explicar? É pena que não o tenha feito. Mas o jornal estará sempre aberto ao esclarecimento. Como se escreveu no n.º 1 do “Centro”, estas páginas são espaços de liberdade.

M. M.

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