terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Académica: um passado com futuro


josé belo, presidente do núcleo de veteranos, aponta sete caminhos
Perda de identidade
Jurista, ex-defesa da Académica e actual presidente do Núcleo de Veteranos, José Belo revelou-se ontem «preocupado» com o actual momento da Académica, enquanto instituição. «Têm faltado ideias, coesão académica, mobilização e sentido de futuro, sobrando, em sentido contrário, situações polémicas e incómodas para uma instituição centenária», frisa, aludindo também a «um sentimento que medra de que a Académica começa a ser gerida por pessoas com algum afastamento da sua cultura e princípios nucleares, numa subordinação cega à nova máquina da indústria do futebol».

Para José Belo, o futuro da Académica passa pela definição de sete pressupostos, o primeiro do qual «a valorização da memória da Instituição», ou seja o «respeito pelo ADN» da Briosa. O segundo pressuposto de futuro é «o enquadramento da Briosa na Liga profissional», resistindo ao «mercantilismo puro e duro». «Não podemos alienar a dimensão social onde cimentámos a nossa diferença», sublinha. O terceiro ponto é a «defesa intransigente dos interesses da Briosa», assente nos «valores» que lhe moldam uma «singular identidade». O quarto é cuidar da «situação económico-financeira, agravada ano após ano», mostrando-se preocupado com o risco de «definhamento». O quinto ponto é a redefinição da política desportiva. Actualmente considera, com um «orçamento gordo» mas com «pouca habilidade», mormente na «contratação de jogadores por atacado» e na pouca aposta na «formação». O sexto pilar de futuro é acabar com os «maus exemplos» num futebol em crise de credibilidade e «marcar a diferença» junto da opinião pública. Por último, a «mobilização dos devotos e simpatizantes», através da «definição de objectivos, de estratégia e adopção de boas práticas».

Preocupado com o «cinzentismo» que diz invadir a instituição, José Belo considera que «a Académica não tem hoje em dia uma perspectiva exaltante, nem em dimensão social, nem desportiva nem sócio-desportiva». Alertando para a «contínua diluição de identidade», José Belo sublinha que a Briosa tem «um passado que é maior do que o presente», pelo que chegou a hora de, «com orgulho no passado, falar do futuro com dignidade, com modernidade, com esperança, com sentido académico».

sansão coelho

(in "A Bola" de hoje)

PS - Antes de publicar este texto telefonei ao Dr. José Belo. A dar-lhe os parabéns, naturalmente. É sempre consolador ver alguém como ele, que vestiu a camisola preta e concluiu a formação universitária enquanto jogava à bola, defender os VALORES que desde sempre me levam a olhar para a Briosa com um grande respeito.

2 comentários:

Anónimo disse...

Não quero deixar passar o dia de hoje sem lhe transmitir (por duas vezes) os meus mais sinceros parabéns.

Parabéns, em primeiro lugar e sobretudo, pelo texto sobre Monsenhor Nunes Pereira. É um texto à Mário! (Que bom seria lê-lo assim, todos os dias, num jornal perto de nós...) Ao lê-lo, consigo imaginá-lo mesmo de lágrimas nos olhos.

Em segundo, parabéns pela referência ao Dr. José Belo. Não sendo da Académica (eheheh, esta foi mazinha) é bom ver que mantém o mesmo conceito da Briosa que eu tenho. E é bom saber que não estamos sozinhos no mundo.

Anónimo disse...

Boa tarde. Tenho uma antiga fotografia de Coimbra, uma fotografia tirada em 1913 no "Colégio Mondego". Alguém me sabe dizer onde funcionava este Colégio, que suponho já não exista?

Muito obrigado