Encontrou-me e disse, ar doutoral:
– Estás velho. E uma das provas da velhice é a falta de paciência.
Isto dito assim, do alto da sabedoria de alguém, deixa qualquer um sem resposta.
Foi o que me sucedeu.
Agora, muitas horas depois, apeteceu-me reflectir sobre aquela afirmação, proferida com ar dogmático, quase solene, tom grave.
É verdade: estou velho. Tenho a consciência que, aos 51, já vivi mais do que aquilo que me falta viver.
Também é verdade que me sinto cada vez mais impaciente. Não tenho paciência (mas, sobretudo, não tenho tempo...) para aturar cretinos emproados, campeões-da-rua-deles, gente sem ética e a que não consegue ser solidária, fulanos que se ufanam de títulos que nunca conseguiram, ingratos de todas as formas e feitios, mentirosos e outros suaves sacanóides.
É verdade: com gente desta, nem um minuto. Para não os iludir e para não me criar alergia de qualquer tipo.
Dizia-me há dias um amigo que Coimbra está cheia de "malfeitores" (ele utilizou uma expressão mais vernácula...) que, quando se cruzam connosco na rua, sorriem e batem nas costas.
Concordei com ele.
Eu, por todas as razões e mais uma, mas essencialmente por respeito para comigo próprio, não percorro esses caminhos. A quem não quero cumprimentar, não cumprimento. Com quem não quero estar, não estou.
(A nossa vida colectiva seria muito mais saudável se toda a gente procedesse assim. E evitavam-se tantos enganos e tantas desilusões.)
É também por isso que sinto uma impaciência crescente.
Mas contrariamente ao que afirmou o primeiro citado nesta crónica, creio que - apesar dos 51 anos e dos cabelos brancos - esta falta de paciência não é sinónimo de velhice. (Os anciãos costumam ser muito pacientes, não é?)
Sinto que esta impaciência-quase-constante significa, pelo contrário, espírito jovem, de alguém que teima em assumir-se contra-a-corrente, sem receio de correr riscos, incapaz de adorar "bois dourados" sejam eles quem forem. Sinto possuir a maior riqueza que se pode ter: a liberdade de poder escrever, poder falar, poder andar, poder estar (ou não estar) e... poder virar as costas. Em suma: a liberdade de ser - integralmente - eu próprio.
Por isso, primeiro citado deste texto, deixa-me dizer-te que tu, tão acomodado te mostras em lugar de mordomias, é que corres perigo de estar a caminho de uma velhice galopante.
Se é que já não entraste mesmo na terceira idade - a das pantufas.
sábado, 19 de janeiro de 2008
Manhã de sábado
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Morte de crianças
Já havia crianças portuguesas a nascer em Espanha.
Já havia crianças portuguesas a nascer em ambulâncias.
Agora, duas crianças portuguesas morreram a caminho do hospital.
Não há ninguém que ponha mão na Saúde?
Já havia crianças portuguesas a nascer em ambulâncias.
Agora, duas crianças portuguesas morreram a caminho do hospital.
Não há ninguém que ponha mão na Saúde?
Livro
É a maior e mais completa obra alguma vez publicada em Portugal sobre uma instituição desportiva.
Na apresentação do livro estiveram cerca de 500 pessoas. Rui Alarcão, o reitor honorário, e João Mesquita, um dos autores, lembraram os valores subjacentes ao futebol da Briosa - algo que vai muito para além dos golos, das contratações, dos passivos, das subidas e descidas de divisão.
Nunca tinha visto tanta gente numa cerimónia semelhante. Revi velhas "caras conhecidas", como a do Aníbal Sacramento, ex-companheiro do "Notícias da Tarde" e de "O Jogo", que já não encontrava há mais de uma década.
Foi um fim de tarde muito agradável.
Na apresentação do livro estiveram cerca de 500 pessoas. Rui Alarcão, o reitor honorário, e João Mesquita, um dos autores, lembraram os valores subjacentes ao futebol da Briosa - algo que vai muito para além dos golos, das contratações, dos passivos, das subidas e descidas de divisão.
Nunca tinha visto tanta gente numa cerimónia semelhante. Revi velhas "caras conhecidas", como a do Aníbal Sacramento, ex-companheiro do "Notícias da Tarde" e de "O Jogo", que já não encontrava há mais de uma década.
Foi um fim de tarde muito agradável.
Debate na rádio
Amanhã, a partir das 11h00, na Rádio Regional do Centro, pode ouvir o debate com os drs. Jaime Ramos e João Silva, gravado esta tarde no Hotel D. Luís.
Temas em análise: Saúde, acção da ASAE, "site" lançado por Pina Prata, situação no PS/Coimbra, eventuais candidaturas à Câmara Municipal de Coimbra e economia real.
Foram duas horas de agradável conversa, moderada pelo jornalista Luís Santos.
Temas em análise: Saúde, acção da ASAE, "site" lançado por Pina Prata, situação no PS/Coimbra, eventuais candidaturas à Câmara Municipal de Coimbra e economia real.
Foram duas horas de agradável conversa, moderada pelo jornalista Luís Santos.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
"Click"... já está!
Quando me convidam para falar sobre a importância da Comunicação Social costumo "abanar" os ouvintes com uma frase "Lapalissiana": os televisores têm um botão que tanto serve para ligar como para desligar.
Normalmente, olha-se para o televisor como um "animal de companhia"; liga-se e deixa-se estar ligado. E o cidadão vai sendo "bombardeado": janta a ver corpos mutilados no Iraque, fala com os filhos ao mesmo tempo que explode uma bomba no Paquistão, corta o "bife com ovo a cavalo" enquanto olha para as crianças famintas na África subsariana. Com a maior tranquilidade. Com total naturalidade.
Tento agir de modo diferente.
Nunca consegui prescindir da televisão, excepto durante os 15 dias de férias algarvias. Mas tento ter com o televisor uma relação dinâmica.
Não imaginam o prazer que me dá calar algumas "figuras" que por aí andam. Eles aparecem no écran e eu, pumba!, desligo. Outras vezes, deixo ficar a imagem, corto o som e fico a apreciar-lhes os (ridículos) esgares.
A vida é curta. E eu não tenho tempo para perder com quem ou me engana ou tenta fazer de mim parvo, ou - a maior parte das vezes - pensa que tem o direito de entrar pela casa dentro falar comigo sem que eu lhe tenha perguntado nada.
É simples: um "click" e ponho-os fora de casa!
Há coisas fantásticas, não há?
PS - Volta e meia, quando estas "figurinhas" aparecem no écran, lembro-me dos vendedores de banha da cobra, na minha juventude, que montavam a banca ao fundo da Escadas de S. Tiago e vendiam produtos para curar quase todas as maleitas. Ao lado, um casal, ele de acordeon e ela de folhas A3 impressas dos dois lados nas mãos, esperava que o vendedor acabasse para cantar (e vender) as notícias fantásticas e os crimes de amor. Mais tarde, apareceram os que vendiam "carradas" de esferográficas e canetas que diziam ter sido apreendidas na alfândega - «Compre uma dúzia de esferográficas por 20 escudos e leve mais estas seis canetas gratuitas, estas seis borrachas sem pagar nada, ainda estes seis afiadores e, finalmente, estes seis mata-borrões como oferta!» Dentro da respectiva área de actividade, eram pessoas sérias.
Normalmente, olha-se para o televisor como um "animal de companhia"; liga-se e deixa-se estar ligado. E o cidadão vai sendo "bombardeado": janta a ver corpos mutilados no Iraque, fala com os filhos ao mesmo tempo que explode uma bomba no Paquistão, corta o "bife com ovo a cavalo" enquanto olha para as crianças famintas na África subsariana. Com a maior tranquilidade. Com total naturalidade.
Tento agir de modo diferente.
Nunca consegui prescindir da televisão, excepto durante os 15 dias de férias algarvias. Mas tento ter com o televisor uma relação dinâmica.
Não imaginam o prazer que me dá calar algumas "figuras" que por aí andam. Eles aparecem no écran e eu, pumba!, desligo. Outras vezes, deixo ficar a imagem, corto o som e fico a apreciar-lhes os (ridículos) esgares.
A vida é curta. E eu não tenho tempo para perder com quem ou me engana ou tenta fazer de mim parvo, ou - a maior parte das vezes - pensa que tem o direito de entrar pela casa dentro falar comigo sem que eu lhe tenha perguntado nada.
É simples: um "click" e ponho-os fora de casa!
Há coisas fantásticas, não há?
PS - Volta e meia, quando estas "figurinhas" aparecem no écran, lembro-me dos vendedores de banha da cobra, na minha juventude, que montavam a banca ao fundo da Escadas de S. Tiago e vendiam produtos para curar quase todas as maleitas. Ao lado, um casal, ele de acordeon e ela de folhas A3 impressas dos dois lados nas mãos, esperava que o vendedor acabasse para cantar (e vender) as notícias fantásticas e os crimes de amor. Mais tarde, apareceram os que vendiam "carradas" de esferográficas e canetas que diziam ter sido apreendidas na alfândega - «Compre uma dúzia de esferográficas por 20 escudos e leve mais estas seis canetas gratuitas, estas seis borrachas sem pagar nada, ainda estes seis afiadores e, finalmente, estes seis mata-borrões como oferta!» Dentro da respectiva área de actividade, eram pessoas sérias.
País da injustiça
«As afrontosas injustiças sociais conduzem as pessoas a um cada vez maior afastamento do acto cívico e ao desprezo repugnante pelos políticos.»
(Baptista-Bastos, no "Diário de Notícias" de ontem)
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Barraca no Parlamento
Nem o choque tecnológico nem as novas oportunidades evitaram hoje uma situação caricata no Parlamento, aquando da votação da moção de censura ao Governo.
Vejam lá que os votos do PCP apareceram no quadro electrónico como sendo do CDS e vice-versa. Por outro lado, o presidente da Assembleia da República teve de estar a explicar aos deputados como proceder para poderem votar, utilizando um sistema que "já tem barbas".
Estamos em Portugal.
Vejam lá que os votos do PCP apareceram no quadro electrónico como sendo do CDS e vice-versa. Por outro lado, o presidente da Assembleia da República teve de estar a explicar aos deputados como proceder para poderem votar, utilizando um sistema que "já tem barbas".
Estamos em Portugal.
A magia da maçã
Socialismo em acção
«O engano na previsão da taxa de inflação para o ano passado permitiu ao Estado poupar cerca de 50 milhões de euros em remunerações certas e permanentes dos funcionários públicos.»
(in "Correio da Manhã")
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
PS em Coimbra
«COMISSÃO POLÍTICA DISTRITAL DO PS FOI VERGONHOSA - Entre insultos, agressões verbais, insinuações, acusações, expressões de faca e alguidar, confissões de carácter pessoal, ameaças, tudo isto aconteceu na reunião magna do mais importante órgão político do partido da rosa no distrito de Coimbra».
A coisa está linda nos órgãos directivos dos socialistas de Coimbra, segundo informa o "POLITICAEHOUSE".
Há coisas em que custa a acreditar, não há?
A coisa está linda nos órgãos directivos dos socialistas de Coimbra, segundo informa o "POLITICAEHOUSE".
Há coisas em que custa a acreditar, não há?
Governo não acerta com a inflação
A inflação no ano passado foi de 2,5%.
O Governo, que tinha previsto 2,1% (primeiro) e 2,3% (já no final do ano), voltou a falhar. O que já não espanta ninguém.
Como diria o outro, sinto que «estão mexendo no meu bolso».
ANEXO - Estou preparado para fazer uma previsão: em 2008 a inflação vai ser superior à prevista pelo Governo. Vai uma "apostinha"? Alguém quer arriscar?
O Governo, que tinha previsto 2,1% (primeiro) e 2,3% (já no final do ano), voltou a falhar. O que já não espanta ninguém.
Como diria o outro, sinto que «estão mexendo no meu bolso».
ANEXO - Estou preparado para fazer uma previsão: em 2008 a inflação vai ser superior à prevista pelo Governo. Vai uma "apostinha"? Alguém quer arriscar?
Votação esmagadora
O socialista Santos Ferreira venceu as eleições no BCP com mais de 97,76% dos votos.
Um resultado que me fez lembrar outros socialismos...
(Pormenor: a proposta de votação secreta foi derrotada)
Um resultado que me fez lembrar outros socialismos...
(Pormenor: a proposta de votação secreta foi derrotada)
Armando Vara "by" DN
«É certo que Armando Vara se transformou no homem que o País adora odiar. É amiguinho de Sócrates, fez carreira a partir do aparelho do PS, chegou longe com poucos estudos, esteve acusado de trafulhices várias, recebeu um megatacho na administração da Caixa. Mas ele também não faz muito por melhorar a sua popularidade. Vara é a prova de que mesmo dentro de um administrador milionário bate um coração de sindicalista, desejoso acima de tudo de manter um emprego para a vida. Os capitalistas desta terra parecem aqueles jovens adultos que querem muito parecer emancipados e ter o seu próprio apartamento, mas que depois vão aos domingos a casa da mamã deixar a roupa suja e buscar tupperwares com comida. Armando Vara não se contenta só com os tachos - ele quer um armário para os guardar.»
(João Miguel Tavares no "Diário de Notícias" de hoje)
O texto, na íntegra, também aqui ao lado, nas "Sugestões de leitura".
O texto, na íntegra, também aqui ao lado, nas "Sugestões de leitura".
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
Falta de vergonha política na cara
«Quem disse aquilo do deserto deve, no mínimo, pedir desculpa. Se tivesse um pouco mais de vergonha política na cara pedia a demissão, mas já percebemos que isso ele não tem.»
(Marcelo Rebelo de Sousa sobre o minstro Mário Lino, ontem na RTP e aqui)
PS – O que é «vergonha política na cara»?
domingo, 13 de janeiro de 2008
Luiz Goes
Foi o meu primeiro ídolo.
Aí pelos 12/13 anos, ouvi-o num disco que rodava 78 vezes por minuto.
Fiquei preso. Até hoje.
Conheci-o pessoalmente há meia dúzia de anos.
Já estivemos juntos várias vezes, em diversos locais, sempre por intermédio do comum amigo Carlos Carranca.
Luiz Goes continua a ser um dos meus ídolos. E não sei explicar a honra que sinto em estar com ele, conversar, partilhar ideias, ouvi-lo cantar, a voz tonitroante que jorra sentimento.
Hoje, na "Pública" (a revista do "Público"), uma entrevista de 12 páginas: o mestre (do jornalismo) Adelino Gomes à conversa com o mestre (da canção de Coimbra) Luiz Goes.
Título do trabalho: «A "voz sublime" da Coimbra mítica».
É nestas ocasiões que sinto orgulho em ter nascido em Coimbra - na Rua das Padeiras. Futrica, tal como o doutor Goes se classifica.
Coimbra é assim.
Um abraço, amigo!
Aí pelos 12/13 anos, ouvi-o num disco que rodava 78 vezes por minuto.
Fiquei preso. Até hoje.
Conheci-o pessoalmente há meia dúzia de anos.
Já estivemos juntos várias vezes, em diversos locais, sempre por intermédio do comum amigo Carlos Carranca.
Luiz Goes continua a ser um dos meus ídolos. E não sei explicar a honra que sinto em estar com ele, conversar, partilhar ideias, ouvi-lo cantar, a voz tonitroante que jorra sentimento.
Hoje, na "Pública" (a revista do "Público"), uma entrevista de 12 páginas: o mestre (do jornalismo) Adelino Gomes à conversa com o mestre (da canção de Coimbra) Luiz Goes.
Título do trabalho: «A "voz sublime" da Coimbra mítica».
É nestas ocasiões que sinto orgulho em ter nascido em Coimbra - na Rua das Padeiras. Futrica, tal como o doutor Goes se classifica.
Coimbra é assim.
Um abraço, amigo!
Não acredito em bruxas...
«Não acredito que Sócrates seja fascista. Mas que o fascismo anda por aí, lá isso...»
(Baptista Bastos, no Diário de Notícias e no "Sorumbático")
Bacalhau jamé
«Cá em casa já há um prato jamé.
Aproveitando postas de bacalhau cozido, lascando-as para juntar natas, azeite e alho para pôr no forno (que os tempos não estão para desperdício).
Uma amiga minha, olhando para a mistura disse: "Eu... comer isso? Jamé!".
E pronto, temos bacalhau jamé!
Há coisas muito estúpidas, não há?»
Aproveitando postas de bacalhau cozido, lascando-as para juntar natas, azeite e alho para pôr no forno (que os tempos não estão para desperdício).
Uma amiga minha, olhando para a mistura disse: "Eu... comer isso? Jamé!".
E pronto, temos bacalhau jamé!
Há coisas muito estúpidas, não há?»
(comentário no "site" do Correio da Manhã)
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