Quando me convidam para falar sobre a importância da Comunicação Social costumo "abanar" os ouvintes com uma frase "Lapalissiana": os televisores têm um botão que tanto serve para ligar como para desligar.
Normalmente, olha-se para o televisor como um "animal de companhia"; liga-se e deixa-se estar ligado. E o cidadão vai sendo "bombardeado": janta a ver corpos mutilados no Iraque, fala com os filhos ao mesmo tempo que explode uma bomba no Paquistão, corta o "bife com ovo a cavalo" enquanto olha para as crianças famintas na África subsariana. Com a maior tranquilidade. Com total naturalidade.
Tento agir de modo diferente.
Nunca consegui prescindir da televisão, excepto durante os 15 dias de férias algarvias. Mas tento ter com o televisor uma relação dinâmica.
Não imaginam o prazer que me dá calar algumas "figuras" que por aí andam. Eles aparecem no écran e eu, pumba!, desligo. Outras vezes, deixo ficar a imagem, corto o som e fico a apreciar-lhes os (ridículos) esgares.
A vida é curta. E eu não tenho tempo para perder com quem ou me engana ou tenta fazer de mim parvo, ou - a maior parte das vezes - pensa que tem o direito de entrar pela casa dentro falar comigo sem que eu lhe tenha perguntado nada.
É simples: um "click" e ponho-os fora de casa!
Há coisas fantásticas, não há?
PS - Volta e meia, quando estas "figurinhas" aparecem no écran, lembro-me dos vendedores de banha da cobra, na minha juventude, que montavam a banca ao fundo da Escadas de S. Tiago e vendiam produtos para curar quase todas as maleitas. Ao lado, um casal, ele de acordeon e ela de folhas A3 impressas dos dois lados nas mãos, esperava que o vendedor acabasse para cantar (e vender) as notícias fantásticas e os crimes de amor. Mais tarde, apareceram os que vendiam "carradas" de esferográficas e canetas que diziam ter sido apreendidas na alfândega - «Compre uma dúzia de esferográficas por 20 escudos e leve mais estas seis canetas gratuitas, estas seis borrachas sem pagar nada, ainda estes seis afiadores e, finalmente, estes seis mata-borrões como oferta!» Dentro da respectiva área de actividade, eram pessoas sérias.
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