Sócrates já tinha garantido que ninguém será punido por delito de opinião. Agora é Augusto Santos Silva que assegura ser um democrata. Obrigado, sr. ministro. Mas, já agora, o que é que o obriga a dizer o óbvio?
Há algo de novo no ar. Depois do primeiro-ministro ter vindo garantir ao país que “ninguém será punido em Portugal por delito de opinião” – alguém pensava o contrário? -, foi agora a vez do ministro Santos Silva vir dar garantias ao povo de que sempre foi e continua a “ser um democrata”.
A secretária de Estado da Saúde, confrontada com a história das críticas ao ministro Correia de Campos que deram demissões na Função Pública, alinhou pela mesma bitola. E afirmou aos jornalistas que vivemos em democracia e que a crítica é permitida.
Ficamos descansados. Mas não deixa de ser bizarro ver tanto membro do Governo a ter que dizer o óbvio.
Fá-lo porque percebeu que errou. Quando deu cobertura ao afastamento de funcionários por criticarem o Estado. Quando deixou que se instalasse a ideia de que quer controlar jornais e televisões. E quando permite que o ministro das Pescas responda às queixas de pescadores em apuros que o melhor é proporem a saída da União Europeia.
Nunca José Sócrates pensou dar tanta razão em tão pouco tempo ao discurso do PSD no 25 de Abril quando falou de um clima de claustrofobia no país.
Como sair disto? Eis a questão. A imagem colou e fará o seu caminho.
(*) Ângela Silva
(in "Opinião RR", aqui)
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