Hoje ocupei toda a manhã a tentar resolver o problema de uma turma de miúdos de 6/7 anos que frequentam o 1.º ano na Escola da Praia, em Leça da Palmeira, entre os quais a minha filha.
Já vão perceber que continuamos muito longe do "modelo finlandês".
A turma iniciou o ano lectivo com um atraso de duas semanas e nas primeiras duas semanas de trabalho teve logo 3 professores. Uma ali colocada à pressa, outra que a substituiu mas que acabou colocada noutra escola e finalmente uma professora grávida de 7 meses. Obviamente, um mês depois os miúdos conheceram o seu quarto professor da "época".
Dobrado o ano, nova notícia: o professor que estava colocado ia dar lugar à professora do quadro, que estava de baixa há 3 anos e foi obrigada a apresentar-se por não ter visto validados por uma junta médica os seus eventuais problemas psiquiátricos.
Já é é mau ir para o 5º professor da época, bem pior é que esse 5.º seja uma pessoa com eventuais problemas psiquiátricos.
Os pais foram avisados já depois da colocação da professora e depressa ficaram a saber que a senhora só vai ficar 18 dias em função, posto que pedirá nova baixa.
E o que vai acontecer aí? Ninguém sabe, mas a probabilidade de a 3.ª professora e de o 4.º professor voltarem não é alta, pois vão entrar no "mercado das colocações".
Os pais começaram por falar com a escola, esta passou a bola à DREN e esta, por sua vez, chutou ainda mais para cima.
Os pais estão no que se chama um beco sem saída, sobretudo aqueles cujos filhos têm sentido muitos problemas sempre que muda o professor. Mas pelo menos não vão permitir, como medida de protesto, que os seus filhos frequentem na quarta-feira uma escola na qual, como lhes foi dito, "os interesses dos professores se sobrepõem aos interesses dos alunos".
Estamos a falar, repito, de crianças de 6/7 anos e da forma como elas são tratadas pelo Estado português, o mesmo Estado que este ano esteve a pagar a 3 professores ao mesmo tempo (a efectiva de baixa, a grávida de baixa e o colocado efectivo) e que até de tal foi capaz de se vangloriar quando os pais quiseram saber o que se passava.
Pobre país este que nos esvazia os bolsos e pouco nos dá, sendo que esse pouco é mau.
Eugénio Queirós, in "BOLAnaÁREA"
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