quarta-feira, 22 de julho de 2009

"Global Games": experiência para recordar

Como o prometido é devido, aqui ficam algumas ideias sobre os 10 dias passados na República Checa, a acompanhar a 2.ª edição dos "Global Games", a maior competição mundial para desportistas com deficiência intelectual.

Bandeiras dos países participantes e mascote dos "Global Games"

VITÓRIAS
A delegação portuguesa, de 63 atletas, obteve um total de 30 medalhas, das quais 14 de ouro, seis de prata e 10 de bronze, conquistadas em competições de atletismo, basquetebol, ciclismo e futsal. (Na 1.ª edição dos “Global Games”, em 2004, na Suécia, a delegação portuguesa obtivera 19 medalhas, todas elas no atletismo.)
Estiveram presentes na República Checa cerca de 800 atletas de 34 países dos cinco continentes.

A bandeira portuguesa no topo: uma imagem repetida

CAMPEÕES MUNDIAIS
As medalhas de ouro corresponderam a títulos mundiais. As equipas de atletismo (masculina e feminina), basquetebol (masculina), ciclismo (masculina) e futsal (masculina) sagraram-se campeãs mundiais, após desempenhos brilhantes.
A equipa de basquetebol, muito entrosada, fez jogos de apreciável qualidade. A equipa de futsal fez uma exibição brilhante, a melhor de todo o torneio, na final, frente à Polónia.
Em termos individuais, três destaques: o atleta Lenine Cunha (com novo recorde mundial do heptatlo), o ciclista Leandro Santos (ganhou tudo o que havia para ganhar) e a remadora Sara Pinho. Brilhantes!

O cliclista Leandro Santos

DESPORTIVISMO
Foi muito agradável verificar o espírito que reinou entre os atletas das diversas modalidades e, no conjunto, entre os participantes dos diversos países. Fui encontrar em Liberec o "espírito olímpico" que andei durante mais de uma década a "anunciar" ao serviço da Academia Olímpica.
Inesquecível a última noite, quando atletas dos vários continentes trocaram tudo o que havia a trocar: sapatilhas, t-shirts, blusões, fatos de treino!
(Eu regressei a Portugal com um fato de treino da África do Sul e t-shirts da Hungria, Polónia e Brasil).

A equipa de atletismo festeja os dois títulos mundiais

PINS
Em Liberec pude voltar, após anos de interregno, a um dos meus "desportos" favoritos: a troca de pins (emblemas de lapela).
Os que trouxe estão na imagem. No entanto, o recorde (110 pins de países diferentes!) continua a pertencer à presença na sessão para jovens da Academia Olímpica Internacional, que frequentei em 1984, em Olímpia (Grécia).

A colecção de pins ficou maior...

VOLUNTARIADO
Utilizei semana e meia de férias e fui colaborar, voluntariamente, com a missão portuguesa.
O resultado do trabalho que desenvolvi pode ser visto aqui. Ou aqui.

O médico da delegação, Jaime Antunes (à direita), é bem o retrato do esforço dispendido durante 10 dias de actividade intensa. Foto obtida no aeroporto de Frankfurt, enquanto se aguardava o voo de regresso ao Porto

AMIGOS
Para além do enriquecimento desportivo-cultural, a presença nos "Global Games" traduziu-se em mais alguns amigos.
E ficou assinalada por um reencontro inesperado: o chefe da missão, o impecável prof. José Pavoeiro, era um velho conhecido, já que participara numa das primeiras sessões de formação organizadas pela Academia Olímpica de Portugal, em finais da década de 80, quando eu lá desempenhava funções directivas. Foi um reencontro muito agradável entre duas pessoas que se estimam, apesar dos seus passos não se cruzarem há muitos anos. A vida é assim.

José Pavoeiro e o super-atleta Lenine Cunha

CONVITE
A inesperada presença nos "Global Games" ficou a dever-se ao convite do prof. Fausto Pereira, pessoa que conhecia, "de vista", do desporto em Coimbra. O convívio nestes 10 dias permitiu-me perceber que se trata de uma pessoa culta, com um humor (por vezes, irónico) permanente.
Agradeço-lhe a oportunidade de conhecer por dentro a realidade do desporto adaptado, sem esquecer... o almoço em Praga, após longa caminhada, ao som de composições de Sergei Rachmaninoff. Bem-hajas, Fausto.

Fausto Pereira, no aeroporto de Frankfurt, na viagem de ida

PRAGA
Cerca de três horas em Praga, no regresso, "entristeceram" a ideia que guardava da cidade. Continua bonita, mas pareceu-me menos cuidada do que quando a visitei por duas vezes no Verão de 1993, uma delas acompanhando a deslocação do então primeiro-ministro Cavaco Silva.
Esta breve passagem permitiu-me, no entanto, rever o humilde "monumento" em honra das vítimas do comunismo, quase escondido junto a um canteiro, ao cimo da imponente Avenida Venceslau.
São apenas duas lápides e uma cruz, no solo, junto das quais há sempre flores depositadas por mãos anónimas. Já não me recordava do local, mas encontrei-o no percurso de regresso ao autocarro.
Para mim, é um dos "lugares de memória" de visita indispensável. Tal como, por exemplo, Auschewitz – onde já estive, mas onde não me importarei de voltar.

As placas quase escondidas na Praça (Avenida) Venceslau

CURIOSIDADES (em imagens)

Um maço de cigarrilhas

A acreditação; ou melhor, o "livre-trânsito"

Lá como cá, o campeonato de futebol é patrocinado por uma cervejeira

O edifício da "câmara municipal" de Liberec

Pormenor dos fatos de treino dos atletas da... Venezuela

Um símbolo que faz lembrar qualquer coisa...

Vinho "Portugal" da marca "Templários"

A residência da Universidade Técnica acolheu os cerca de 1.500 participantes. Instalações sóbrias mas de qualidade. Qual é a universidade portuguesa que dispõe de tal infra-estrutura?

O autor do blogue com o campeoníssimo Lenine Cunha

(fotos obtidas com o inseperável companheiro Nokia N73, que andou perdido durante minutos numa discoteca mas voltou à presença do dono...)

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