domingo, 18 de outubro de 2009
Saudades dos meus 15 anos
É estranho o fascínio que algumas canções exercem. E, por vezes, reencontrar uma dessas "musiquinhas" que nos marca(ra)m permite-nos dar um salto para trás no tempo. Muito tempo, até.
Esta noite, ao encontrar os Bee Gees no YouTube, o "filme da minha vida" voltou aos anos de "teenager". Num instante, senti-me no início da década de 70. E um turbilhão de recordações invadiu-me o pensamento.
Vivia então na Rua das Padeiras, estudava no D. João III, tentava jogar basquete no Sport e andebol na Académica. Fazia teatro no grupo do Prof. Sousa Santos e começava a escrever nos jornais. A música ouvia-a em casa do Coelho, que tinha um gravador de alta fidelidade, de bobinas - um luxo! Ou em casa do André, que tinha sempre as últimas novidades muitos meses antes dos outros, trazidas pelo pai de Londres. Beatles e Bee Gees tanto fazia.
Nesse tempo, creio, já não jogava à bola no terreiro junto à Estação Nova, nem na Praça Velha, mas ainda passava três meses e meio de férias em Friúmes. Coleccionava as festas das redondezas, as pescarias no Alva e os bailaricos de fim-de-semana. E já tinha desistido de aprender acordeão na FNAT, causando alguma mágoa ao meu pai.
Vivia a aventura do "rapaz da Baixa" que frequentava o liceu da Alta. Ajudava a família na distribuição do pão, especialmente ao sábado, por alguns dos restaurantes mais conhecidos da cidade. Frequentava a Igreja de S. Bartolomeu, do "meu" padre Nunes Pereira. Devorava jornais e não perdia alguns programas de rádio favoritos. Vibrava com as goleadas do hóquei em patins e via a final da Taça dos Campeões na montra da "Bonanza", na Rua do Corvo. E tinha o sono tão pesado que não acordava sequer com o incêndio do "El Dorado", na Rua Adelino Veiga, paredes-meias com a casa em que morava.
(Ainda) vivia os dias, todos os dias, despreocupado e feliz. (Quase) como hoje, felizmente.
PS - Encontrei ao fim da manhã o Fernando, que já não via há mais de uma década, talvez duas... Amigo destes tempos de juventude, amigo para sempre. «Temos de voltar a Vale da Chã!» onde passámos dias inteiro a tentar enganar barbos e bordalos. E a tomar banho no caneiro, mesmo ao meio do rio. O coração tem destas coisas: falámos como se ainda anteontem tivéssemos estado à conversa. Foi um domingo feliz.
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