Os três montes de lixo que eu tinha varrido no dia 25 de Abril já lá não estão, defronte do prédio onde moro. Comemoraram o "1.º de Maio", calmos, junto ao passeio. E partiram ontem, rumo à lixeira, que é o lugar a que têm direito.
É verdade: a minha rua foi varrida ontem!
De nada valeram os meus esforços nos últimos anos. Nem a mensagem que enviei ao presidente da Junta, nem a reclamação que apresentei ao Provedor do Ambiente. O primeiro respondeu-me que a responsabilidade da limpeza era da Câmara. O segundo foi enganado, porque os serviços da autarquia responderam-lhe que a rua era limpa. Não era. Nunca o foi. E ele nada mais podia fazer.
Ontem, porém, as coisas mudaram. E senti o prazer de ver – ao regressar a casa, ao final da tarde – que o "lixo do feriado" já tinha sido removido.
Eu conto como as coisas se passaram...
De manhã, tinha consulta marcada no Centro de Saúde de Eiras. Ao chegar, vi três homens a limpar as imediações. Dirigi-me a eles. Eram funcionários da Junta de Freguesia de Eiras. Expliquei-lhes a situação: que a Câmara dizia que a responsabilidade da limpeza da rua era da Junta e que o anterior presidente da Junta me dissera que era a Câmara que devia limpar. E que eu vivia numa rua que não era varrida há 15 anos. Pelo menos.
Um dos três homens, o responsável pela equipa, explicou-me que a Junta de Freguesia de Eiras tem apenas cinco funcionários para tratar das árvores, da limpeza dos passeios, da recolha de lixo nas ruas e dos arranjos nas escolas primárias. Para além de outras tarefas.
Mas logo a seguir, depois de lhe ter dito que eu próprio varria regularmente a parte da rua onde vivo, «a minha testada», ele disse que ia lá recolher os resíduos e prometeu dar mais atenção, no futuro, à situação.
E, pronto, o que e-mails ao presidente da Junta, queixas ao Provedor (homem grande!) e informações transmitidas ao vereador não tinham resolvido, resolveu-se com uma conversa de homem para homem.
Um dia destes vou escrever à presidente da Junta. Dar-lhe-ei conta deste episódio e pedir-lhe-ei uma limpeza regular da rua onde moro. Não é preciso que haja varredura de manhã e de tarde (como existe noutras zonas da cidade). Nem sequer todos os dias. Nem dia-sim dia-não. Creio ser suficiente uma passagem semanal. E nem sempre: quando chove, como a rua onde moro é inclinada, a Natureza encarrega-se de lavar e limpar.
Uma palavra final: muito obrigado, senhor António!
(É por estas e por outras que Portugal só tem a ganhar se diminuir o número de políticos...)
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