Sporting e U. Leiria têm equipas de juvenis que já são... “selecções”! O Sporting tem uma selecção nacional, com jogadores de praticamente todo o país: há jovens do Algarve, de Trás-os-Montes, das Beiras, etc. A U. Leiria, com meios modestos, tem jovens atletas das redondezas, mas também eles a viverem longe das famílias.
Em ambos os casos, os dirigentes desportivos têm de assumir a sua função com especiais cuidados na vertente formativo-educativa.
Nem poderia ser de outro modo.
CASO 1
Todos os dias, o jogador era levado à porta da escola por um responsável do clube. Chegado o final do 1.º período, verificou-se que o jovem tinha um considerável número de faltas às aulas.
(Ou seja, o jovem entrava na escola, mas depois...)
Decisão imediata: abandono do clube, com regresso à casa paterna.
Comentário de alguém que o conhecia bem: “É uma pena que tenha ido embora. Era o melhor jogador da equipa!”.
CASO 2
Terminado o 1.º período de aulas, os responsáveis do clube quiseram conhecer as avaliações escolares. E rapidamente concluíram que vários jogadores estavam com dificuldades a Matemática.
Decisão imediata: contratar uma explicadora, a expensas do clube, para ajudar os jovens jogadores a superar o problema.
As explicações começaram na passada segunda-feira, dia 15.
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Há anos que defendo que o futebol jovem (dito, até, de formação) deve dar especial atenção à escola, para defesa dos próprios atletas, muitos deles inebriados pelo brilho das grandes “estrelas da bola” que sonham um dia também ser.
Um jovem que veja existir articulação entre a escola e o clube, os resultados escolares e a prática desportiva, sentir-se-á mais motivado para tentar ser melhor estudante e melhor jogador.
Ao longo dos anos, tenho sido uma voz praticamente solitária, criticado até. Mas continuo convencido que este é o único caminho possível.
Sofro quando me informam que um jovem de 16 anos diz aos pais que não quer estudar porque pretende ser profissional de futebol. E sofro porque é fácil prever o que o futuro lhe pode reservar.
Um dia, no tempo em que as selecções jovens portuguesas de futebol ganhavam tudo o que havia para ganhar, um jornalista estrangeiro desabafou: “Vocês ganham tudo nestas idades, porque os nossos jovens estão na escola, a estudar, enquanto os vossos só jogam à bola”. Era (é) verdade.
E acrescentou: “Vamos ver o que é que vocês ganham quando chegarem a seniores”.
Na realidade, Portugal já foi campeão europeu e mundial... em jovens. Nos mais crescidos, nada.
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A terminar, apenas uma “nota de rodapé”: se há clube vocacionado para este trabalho de acompanhamento da realidade escolar dos atletas é a Académica, por toda a história, todo o simbolismo, toda uma filosofia e cultura “sui generis”.
No entanto, isso não acontece em Coimbra.
Felizmente, há clubes que pensam de maneira diferente.
2 comentários:
Segundo me parece, e se o "Caso 1" é referente ao Sporting, o jogador em causa está esta época ao serviço do Benfica.
O valor da atitude tomada pelos treinadores/dirigentes é um exemplo para o presente e futuro dos restantes jogadores do plantel, e não considero um risco perder-se desta forma um jogador, ainda que ele se venha a tornar o melhor do mundo daqui por uns anos.
Concordo com o que escreveu.
O "Caso 1" que relatei, no entanto, diz respeito à U. Leiria.
Mas também me informaram, na ocasião, que o Sporting já procedeu do mesmo modo.
E não só por faltas à escola; o mesmo procedimento é adoptado por comportamento incorrecto com companheiros de equipa, dirigentes e técnicos.
(Aliás, responsáveis do Sporting contaram-me há anos que o Cristiano Ronaldo, ainda júnior, foi uma vez punido da seguinte forma: a equipa que ele integrava foi jogar ao Funchal e ele ficou em Alcochete a "cuidar" das instalações. O motivo, se bem me recordo, terá sido o facto de - depois de avisado - continuar a discutir com colegas no refeitório).
Lá diz o ditado que "é de pequenino que se torce o pepino"...
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