quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Polémica entre jornalistas


Vítor Serpa
(“A Bola”, 2 de Outubro)

Nada define mais o terceiro mundismo de um país desportivo do que a sobrevalorização de um jogo de futebol no contexto geral dos acontecimentos do país e a sobrevalorização dos actos e decisões dos árbitros de futebol, no contexto geral do jogo.
Poderíamos acrescentar, ainda, a desproporcionada valorização da mais subjectiva opinião de alguns dos críticos , que falam e escrevem sobre bola, sobretudo aqueles que mais se destacam pelo ridículo insuperável do lugar comum, aliás, dito com a sapiência oleosa de um qualquer grotesco conselheiro Acácio da «bola indígena».
desgraçado futebol e desgraçado país que não se liberte dessa nostálgica e doentia relação da realidade com o mundo virtual de um espectáculo que se perde na falsa dimensão das coisas.
Não se pretende que o futebol português seja assexuado, arrumadinho e silencioso. Claro que a discussão do jogo e dos seus casos traz vivacidade e colorido ao espectáculo, prolongando-o para lá do real. Mas há que ter a noção de que dessa discussão pequena e fútil não nasce qualquer luz. Nasce, quando muito, um palco de entretenimento dos cidadãos, que não tem de ser nem vicioso, nem, forçosamente, estúpido.
Mal do país que não entende a verdadeira dimensão das coisas e a verdadeira importância do que por aí se diz e se escreve.
Até mesmo no futebol não convém nada confundir as figuras com os figurões.


Rui Santos
(“Record”, dia 3 de Outubro)

A administração da Cofina e o director do Record lançaram-me o repto de escrever em total liberdade nas colunas deste jornal, de segunda a sexta feira, cujo convite muito me honrou.
Tratou-se de um regresso ao "jornalismo desportivo" e a um diário de prestígio, líder de vendas, depois de quase 27 anos a trabalhar, ininterruptamente, em "A Bola" - outrora grande referência da imprensa.
A figurinha que vai ficar para a história como o maior responsável pelo estado de degradação e mesmo pela destruição do ideal de Cândido de Oliveira, Ribeiro dos Reis e Vicente de Melo, com o estafado argumento de os tempos serem outros, aniquilando a credibilidade de um jornal-ícone, transformando-o no "bastião do sistema futebolístico", ao estender a passadeira a todo o tipo de figuras e figurões, com quem come e bebe, deitando-se com a prostituição intelectual própria de quem vende a independência pela beberragem de momentos compartilhados, decidiu meter-se comigo. Quis entrar na moda.
Quando percebi que a figurinha sebácea não tinha coragem para publicar notícias, enfrentar a podridão instituída e defender a integridade de uma grande instituição, deixei de lhe dar importância. Muito mais ainda quando me apercebi do seu empenho em esconder o Apito Dourado.
A sua função menor, por ser um joguete nas mãos do "baronato futebolistíco", junto do qual gosta muito de aparecer para depois poder apregoar os efeitos do seu magistério de influência, que se resume na capacidade de branquear todos os escândalos do futebol nacional, exibindo orgulhosamente a sua função de censor, vai perdurando no tempo, porque serve vários interesses. Um, interno, por ser facilmente manipulável; outro, externo, porque dá sempre jeito aos dirigentes desportivos ter alguém sempre disposto a fazer-lhes a papa e a capa.
O tempo dele já passou mas ainda ninguém lhe comunicou. É o rosto do jornalismo falido.


Vítor Serpa
(“A Bola”, dia 4 de Outubro)

PS – Confirma-se. Apenas um rapazola. Baixinho de mais e de uma ridícula insignificância para merecer resposta.

2 comentários:

Pedro Aniceto disse...

Era preciso que um deles fosse jornalista. Não creio que seja digno do nome profissional que usurpa.

Anónimo disse...

Fiquei sem entender a notícia . Quem acusa quem?