Há gente que se julga importante.
Um dia, num grupo de cerca de duas dezenas de pessoas, um desses "importantes", disse-me que eu deveria calar-me.
(A conversa - obviamente - não estava a ser agradável para o tal "importante".)
Respondi-lhe assim: «O senhor deve estar enganado. Se há aqui alguém que pode mandar calar alguém, sou eu – que o posso mandar calar a si. Porque eu pago-lhe o ordenado e o senhor não me paga nada a mim.»
Fez-se silêncio total. E o tal "importante" (um político) meteu a viola no saco.
Um dos males do "ser português" é a persistente posição de cócoras perante o poder. A subserviência.
Mas o "importante" só é importante se nós lhe dermos importância.
Se não lhe dermos importância, o tal "importante" passa a pobre coitado num esfregar de olhos.
(Um dia, há muitos e muitos anos, recebi um telefonema a avisar-me para ter cuidado com o que escrevia sobre um desses tais "importantes", porque ele era vingativo e podia "lixar-me a vida". Agradeci o interesse do meu amigo e disse-lhe para não estar preocupado. Não tenho medo. E como é que o tal "importante" me poderia lixar a vida? Eu não tinha terrenos para urbanizar, não tinha licenças de obras para tirar, não tinha "cunhas" para meter... Nem tinha, nem tenho.)
A possibilidade de ser livre é o valor máximo da vida humana.
Isso e não ter medo de, em qualquer momento, pegar numa enxada e cultivar as couves e as batatas que nos matem a fome.
Sou frontalmente contra a mediocridade, o compadrio, as cunhas, os arranjinhos, os "boys" e as "girls", os "jeitinhos", a corrupção a todos os níveis, tenha a coloração que tiver. Afinal, o "tom dominante" neste Portugal de inícios do século XXI.
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