quinta-feira, 4 de março de 2010

As acusações de Pinto Balsemão


A audição de Manuela Moura Guedes, ontem, no Parlamento, está hoje nas primeiras páginas de todos os jornais. A jornalista fez acusações graves e o destaque é justificado.

No entanto, uma intervenção muito mais profunda, a de Francisco Pinto Balsemão, passa quase despercebida.
E porquê?... Porque Balsemão começou a ser inquirido já depois das 18h00 e nessa altura os "media" têm de apressar as edições da noite (no caso das televisões) e do dia seguinte (no caso dos jornais). E como já havia noticiário em quantidade suficiente (Manuela Moura Guedes foi pródiga nas revelações/acusações), a audição do dono do "Expresso" foi relegada para segundo plano.

Noutras circunstâncias, as palavras de Pinto Balsemão teriam muito maior impacto.

Atentem só no que ele disse, segundo relata Paulo Chitas na "Visão on-line":
«O presidente do Conselho de Administração da Impresa (proprietária da SIC, Expresso e VISÃO), começou o depoimento por ilustrar dois cenários possíveis. Um, que considerou um "plano conspirativo, muito bem concebido", passaria por 10 pontos: 1) a produção de legislação (que enfraqueceria os grupos privados e fortaleceria os públicos), 2) a compra da TVI pela PT, 3) o controlo da Impresa pela Ongoing, 4) a compra do Correio da Manhã (lembrou que se chegou a falar num valor de 140 milhões de euros) e 5) do grupo Controlinvest (detentor do DN e do JN), 6) o controlo da RTP e RDP, 7) o controlo da Lusa, de que o Estado é o maior accionista, 8) o lançamento de um 5º canal generalista, em sinal aberto, 9) o adiamento do TDT paga, 10) e o fecho do semanário Sol. O outro, a que chamou o "cenário do acaso e da incompetência", passaria pelos mesmos pontos, mas a sua concretização, parcial ou total, não seria inspirada pelas mesmas intenções.

Balsemão acabaria por defender que vários pontos do plano "conspirativo" se concretizaram. O patrão da Impresa disse ainda que publicaria a crónica de Crespo, afirmou que assistira a várias peças jornalisticamente competentes no Jornal de Sexta, embora não se reconhecesse no seu estilo, e considerou que a PT não teria avançado para a compra da TVI sem o conhecimento do Governo. Criticou ainda o excesso de poderes da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, defendeu o papel dos conselhos de redacção e disse que o "público é o grande aliado do jornalismo de qualidade".»

Um (arrasador) libelo acusatório.
Só não perceberá quem não quiser.

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