sexta-feira, 25 de abril de 2008

Dia da Liberdade


A minha filha, que se encontra na Polónia no exercício das suas funções de presidente dos Estudantes Democratas Europeus, teve hoje a oportunidade (e o privilégio) de se encontrar com um dos maiores símbolos europeus da luta pela liberdade: Lech Walesa.

Eu, que sempre tive (e mantenho) grande admiração pelo electricista de Gdansk que ajudou a mudar a face da Europa, sinto-me particularmente feliz.

(Não sou pessoa de colocar emblemas na lapela. No entanto, na altura das lutas heróicas nos estaleiros de Gdansk usei durante algum tempo um emblema do Solidariedade. Caso único no meu mais de meio século de vida. Nessa altura, aliás, conseguia desenhar - sem grande rigor, é certo - o emblema do movimento).

Por tudo isto, creio que o acaso levou a minha filha a assinalar de forma bem significativa o... "Dia da Liberdade" português. Em Gdansk. À conversa com um grande homem. Um dos meus ídolos.

1 comentário:

A. João Soares disse...

A sua referência ao electricista de Gdansk, Lech Walesa, fez me procurar um livro de que fixei uma passagem interessante.
Ao contrário dos nossos amadores de politiquice que se consideram infalíveis, Walesa e os seus companheiros de luta procuraram pelo mundo alguém com provas dadas que os pudesse ajudar. Foram encontrar um conselheiro económico, professor de Harvard, Jeffrey Sachs cujo papel na América latina lhe trouxe Um elevado reconhecimento internacional. Depois de prolongada discussão em que ficou a conhecer os factores de potencial da Polónia, aconselhou à tomada do poder.
Os líderes do Solidariedade pediram a Sachs e ao seu colega David Lipton para prepararem o texto de um programa para uma mudança rápida e integrada. «E faça o favor», disseram-lhes, « de iniciar o programa com as palavras 'Com este programa, a Polónia saltará para o mercado económico'. Desejamos avançar rapidamente, que é a única maneira de isto fazer sentido». Sachs disse que ele e Lipton teriam de regressar aos Estados Unidos e escrever o plano. Eles responderam que não havia tempo para isso. Era necessário estar pronto na manhã seguinte. Os dois americanos trabalharam toda a noite, escreveram o plano e no dia seguinte foram a Gdansk encontrar-se com os membros do Solidariedade para o explicarem.

Isto, caro Mário, demonstra clarividência, determinação, coragem e sensatez nos contactos com alguém com capacidade para ajudar. E da parte dos dois americanos, houve a seriedade, o profissionalismo de compreender a urgência, a necessidade de aproveitar o calendário e não se pouparam a sacrifícios. Não se limitaram a ir ali receber uns dólares.
Assumir a responsabilidade dos destinos de um País é isto. Não é o que aqui vemos, quase diariamente.
Um abraço
A. João Soares