Olho para eles - sejam titulares de grandes fortunas ou de altos cargos, distribuidores de prebendas ou meros patifes que deveriam estar na prisão - como aquilo que são: gente reles.
É por isso que, cada vez mais, evito estar em sítios mal frequentados. E para não correr riscos de "encontros indesejados", fico-me pela pacatez da minha vida e da minha casa. Assim, sei que não irei encarar "figurões" e patifes. E vivo feliz.
As notícias deste fim-de-semana continuam a ser assustadoras, revelando a promiscuidade que atravessa sectores basilares da sociedade, supostamente independentes. Coleccionei uma série de textos, publicados ontem e hoje na Imprensa, que lidos conjuntamente nos ajudam a ver o quão negro é o momento presente.
Voltámos a 1975. Estamos num PREC de características diferentes e com um sentido histórico oposto. Caminhamos a passos largos - estou convicto - para uma qualquer espécie de ditadura.
Sinto por vezes, como já aqui escrevi, a vontade de encerrar o blogue. Mas vou resistindo, porque acho que esta é também uma forma - ainda que modestíssima - de denunciar a gravidade da situação e contribuir para a "limpeza" que se torna cada vez mais urgente. Mas que duvido venha a acontecer.
Haverá quem não goste do que aqui escrevo, mas... é a vida. Como tenho por adquirido desde há muito, não nasci para ser simpático, nem hipócrita. Digo e escrevo o que penso, com a maior liberdade possível, como bem sabe quem me conhece. Não ando na vida para arranjar "amigos" de ocasião, para sorrir a quem desprezo ou para cumprimentar quem eu julgo que tem as mãos sujas. Sou humilde mas sinto-me limpo. E se assim cheguei aos 53 anos, em cada dia que passa reforço ainda mais as minhas convicções. Nunca tive apetência por luxos e honrarias, nem por "comer à mesa do Orçamento", como muitos dos que por aí andam.
Há páginas de jornal e reportagens de televisão que só não me fazem vomitar porque já estou muito traquejado. Quando essa gentinha me aparece pela frente (gente que mente com a maior desfaçatez, gente que infringe a lei e se assume como moralista, gente pequena que - por mais dinheiro que tenha ou títulos que lhes coloquem em cima - nunca conseguirá ter a estatura e a dignidade de tantas Ti Marias e Ti Antónios anónimos), escrevia que quando essa gentinha pequena me aparece pela frente opto sempre pela medida mais higiénica possível: desligar o televisor, colocar o jornal no lixo.
Talvez por tudo isto é que este blogue tem um média de visitas muito pequena, mas muito estável - são os meus amigos e mais uns poucos. Quem cá aparece "por acaso", raramente volta. Quem pensa que insulta na caixa de comentários, deixa de vir ainda mais rapidamente, porque essas opiniões vão directamente para o "caixote do lixo". [Se o blogue é meu e "dou a cara", é evidente que não tolero injúrias anónimas. Era só o que faltava... Por aqui, há decência.]
A sociedade está gravemente doente. Olho para isto e sinto dor; não por mim, que tenho uma vida construída e continuo a ter forças para trabalhar, nem que seja para pegar numa enxada e tirar da terra o sustento do dia-a-dia. Sinto dor pelos jovens - e, entre eles, os meus filhos. Que raio de país lhes vamos deixar...
Eles, a Ana e o João, sabem bem o que lhes digo desde muito pequenos: o futuro está fora daqui. De Coimbra. E de Portugal.
Há muito que intuí que os tempos vindouros serão penosos. Sem desígnio, sem projectos mobilizadores, sem elites de qualidade (como ainda ontem escreveu o director do "Sol"), com uma população activa maioritariamente funcionalizada, Portugal arrisca-se a ser no futuro - como há muito profetizou um jornalista creio que alemão num encontro ocasional em Bruxelas - apenas um "lar de terceira idade" para a classe média europeia.
Queria escrever apenas algumas linhas, entusiasmei-me e saiu isto.
Vamos ao que verdadeiramente interessa; formular os habituais votos de bom fim-de-semana, desta feita com a proposta de recordarem aqueles escassos segundos que transformaram Susan Boyle em personalidade mundial, ela que acaba de bater esta semana o recorde de pré-vendas de um cd na história da internet.
Cliquem na imagem ou aqui. E façam o favor de serem felizes.
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