quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

«Foi a ti que parti a perna?»

Sábado à tarde, na Marinha Grande.
A minha equipa defrontava o Marinhense.
O jogo aproximava-se do fim.
- Lembra-se de mim?...
Olhei-o.
- Sou o Baptista, aquele que se lesionou no ano passado.
- Ah! Olá! Já tinha perguntado por ti. Disseram-me que isso não está bem...
- Pois não. Recomecei a treinar nesta terça-feira, mas tive logo de parar. Os ligamentos cruzados não estão bem, estão fora do sítio.

(Baptista lesionou-se com gravidade há mais de 15 meses, num Vigor-Marinhense, disputado a 6 de Outubro de 2007. Foi transportado de ambulância para o Hospital dos Covões. Ali esteve alguns dias e foi operado. Encontrei-o em Maio de 2008, quando o Marinhense voltou a jogar em Fala. Acompanhou a equipa, mas ainda não treinava. No sábado passado, perguntei por ele a uns colegas que faziam aquecimento junto à vedação do campo. Contaram-me que estava a ver o jogo, na bancada, e que teria de ser novamente operado.)

No final dos jogos costumo colocar-me junto aos balenários, para ter a possibilidade de fazer fotos dos jogadores a saírem do relvado.
Era aí que estava quando o Baptista se me dirigiu.
E logo a seguir:
- Quem é o Girão?
- É o capitão, respondi.

O jogo acabou.
Os jogadores começaram a sair. Girão foi dos últimos a abandonar o campo.

- Girão, Girão! Sabes quem eu sou?
- Tu...
- Lembras-te da lesão?...
- Não me digas: foi a ti que parti a perna?
- Foste.
- Então como vai isso?
E lá estiveram os dois a conversar durante alguns momentos.
No final do diálogo, necessariamente breve, os dois jovens desejaram-se felicidades e despediram-se com um abraço.
E eu fiquei a pensar como o desporto pode aproximar as pessoas, mesmo em situações menos felizes.

(Refira-se que a lesão grave de Baptista foi fruto das contigências do próprio jogo. Baptista disputou um lance dividido e... teve azar. Só isso.)

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