Já tinha desligado o computador.
No entanto, a "Quadratura do Círculo" fez-me voltar ao portátil, devido à (deprimente) argumentação de António Costa sobre as exigências éticas no exercício de funções públicas.
«A regulação [bancária] falhou em todo o mundo», afirmou por exemplo António Costa, com aquele ar de superioridade que os socialistas exibem quando estão no poder, para justificar a continuidade de Vítor Constâncio no cargo de governador do Banco de Portugal. Mas esquecendo, como disse Pacheco Pereira, que nesse mesmo "todo o mundo" «houve uma vaga de demissões».
Há muito que eu me rio da chamada "ética republicana e socialista". Tenho muitos anos e já vi/li coisas interessantes. (Não, ainda não li o livro de Rui Mateus, mas já o tenho; pretendo levá-lo como "leitura de férias"). Rio-me da chamada "ética socialista" e quanto a isso não há nada a fazer.
Mas o que cada vez me preocupa mais é a arrogância com que o poder socialista interpreta os seus próprios actos, com uma desfaçatez tal que me faz pensar que, em caso de nova vitória socialista, iremos viver uma democracia ainda mais musculada do que aquela em que já vivemos.
Preocupa-me que, 35 anos depois do "25 de Abril", estejam a regressar "formas sociais" que eram características do antigo regime: o medo de falar, o receio de afirmar a diferença, a possibilidade de colocar a liberdade de pensamento e de expressão entre parêntesis.
Isto está a ficar lindo. Ai está, está.
PS - António Lobo Xavier foi brilhante em dois momentos do debate: sobre a ética e sobre o proposto novo imposto europeu. Eis um homem que dignifica a "escola coimbrã".
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